sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sexta – 10/12/2010

Não poderia dizer que os motores estão quentes…
Primeiro porque não existem motores e segundo, e talvez o mais importante de tudo... está muito frio aqui para alguma coisa ser entendida como quente!
Mas enfim... Sexta-feira... ou... viernes, como eles chamam por aqui.
Esta chovendo. Um clima muito bom e ruim ao mesmo tempo. Bom pela melancolia da chuva calma nos bosques da patagônia... ruim por estimular a vontade de sair pedalando.
A partida está marcada para segunda... Mas se sábado ou domingo amanhecer com sol, parto antes.
Tudo está literalmente pronto...
Ontem a noite eu terminei de preparar a bicicleta. Todos os mínimos detalhes...
Tudo acertado...
Hoje eu fiquei dando os últimos retoques e já começando a deixar as minhas coisas mais ou menos arrumadas para quando eu voltar.
Viajo na Segunda, rumo à Isla Grande Chiloé, na costa oeste do Chile (claro que é costa oeste! – risos.. só existe uma costa no Chile!). Meu objetivo é cruzar o Golfo ao sul da Ilha e chegar em Chaiten...
Chaiten, como disse anteriormente, a cidade devorada pela fúria do vulcão Corcovado, há dois anos.
Até hoje a cidade não tem ideia de quantas pessoas vivem na região, pois a ultima erupção deixou uma soma desconhecida, ainda, de mortos.
Não tenho ideia do que vai acontecer depois dali. Sei que daqui onde estou, San Martin até lá, serão em torno de 2.000 quilômetros...
Vou cruzar nessa expedição (que eu estou batizando-a de Expedição Pacífico 2010/11), a Cordilheira dos Andes.
Pretendo fazer esse cruzamento no primeiro ou segundo dia de viajem.
Serão os primeiros 158 quilômetros que ligam Villa La Angostura até Osorno, que já é Chile e fica à norte da Isla Chiloé.
Dali vou fazer um pequeno desvio... para Valdivia, passar uns dias por lá. Dois dias, talvez.
E de lá volto para Osorno e depois para Isla Grande Chiloé.
Natal e Ano Novo talvez eu esteja pela Ilha, segundo meus cálculos...
Ontem fui à cidade buscar os últimos mantimentos de viajem.
Agora aqui estão só a ansiedade de partir, e tudo pronto, junto com a chuva e o frio da cabana.
Vou colocar aqui a relação das coisas que estão seguindo viagem comigo nessa expedição.
Muita coisa eu tive que mudar de ultima hora, afinal, essa era para ser uma expedição que seguiria mais ao sul ainda, até Ushuaia, mas pelo simples fato de eu ter descoberto que cerca de 500 quilômetros da Ruta 40 (estrada que me levaria até Ushuaia) era de estrada de cascalho, meus planos mudaram. Com eles, obviamente, os mantimentos e equipamentos de viagem foram reduzidos. Com isso o peso total dos equipamentos.
Seguem as fotos e abaixo as descrições do que esta sendo levado.










A – Alforje 01 – Nele estão as roupas e os toda a parte “eletrônica” da expedição.
Roupas eu estou levando uma calça, duas cuecas, duas meias, uma camiseta, duas camisas de manga comprida, um casaco militar de inverno, uma bermuda de ciclismo e um corta vento. Dentro do Alforje 01 também esta localizada minha carteira com documentos e dinheiro. Um caderno para anotações de viagem, linha de costura (com duas agulhas – uma simples e outra grossa), 3 sacos plásticos, kit de talheres (faca/colher/garfo), canivete, duas canetas, uma caneta permanente, 3 pen drives, vitaminas C e B-12. Carregadores da câmera, lanterna, celular e I-Pod e cabo USB da câmera.

B – Compartimento de germinação. Aqui é onde vão ser preparados os alimentos germinados. Basicamente Amendoim, Grão de Bico, Girassol e Lentilha. Coloca-se os grãos pela manhã, antes de começar a pedalar e no café da manha do dia seguinte estão prontos para serem ingeridos. Sem dúvida um reforço para o inicio de cada dia de pedal.

 C – Saco de Dormir, para sobrevivência em até 5 graus. Ainda dentro dele existe uma capa de chuva, em caso de emergência.

D – Bolsa da Câmera.

E – Kit de Higiene, contendo: pasta dental, escova de dente, fio dental, álcool gel, protetor solar FPS 50, Band Aid, batom de manteiga de cacau, hidratante, desodorante, cotonetes, dipirona liquida (eu costumo expelir algumas pedras renais... e isso salva), esparadrapo e um sachê de perfume(nunca se sabe o que e quem podemos encontrar nas cidades – risos..)

F – Sistema de hidratação. Mangueira ligada diretamente à uma garrafa de água.

G – Pneu 700 x 28 de Kevlar (o que permite ele ser dobrado dessa forma).

H – Identificação: BRASIL – www.veganstaff.com

I – Caneca de Plástico.

J – Suporte para I-Pod feito com embalagem de suco.

K – Mapa.

L – Alforje 02 – Compartimento de comida com: 1kg de massa de macarrão, 0,5 kg grão de girassol, 0,5 kg de lentilha, 0,5 kg de Aveia com açúcar e amendoim (tudo misturado. De manhã é só você acrescentar água quente e está pronto um ótimo café da manhã), 10 laranjas, 2 maças. 4 tabletes de pé de moleque e dois pacotes de biscoito Frutigran Integral.

M - ?

N – Botas. Estou lendo porque eu pretendo fazer umas trilhas a pé em alguns parques nacionais no Chile. Dentro da bota esquerda estão 3 câmaras de ar e um kit de ferramentas para bicicleta. Na bota direita estão duas câmaras de ar, um kit remedo e uma bomba (bomba de encher pneu, ok?!).

O – Tripé para a câmera.

P – Identificação de Tipo Sanguíneo: B+

Q – Na foto não dá para perceber direito, mas estão presos juntos ao quadro da bicicleta 3 raios de emergência, caso algum se rompa.


Eu estou indo com uma calça de ciclismo, uma cueca, um spray de pimenta, uma camisa, capacete, luvas, meias e uma sapatilha.
Como se pode perceber, o peso está bem dividido na bicicleta. Essa é a lei quando se faz uma viagem de bicicleta de longa distância.
Celular – O celular não funciona, logicamente. Mas é bom levar para servir de despertador e também para contatar as emergências. Não importa em que país você esteja ou se existe sinal da sua operadora ou não, os telefones de emergências trabalham em frequências livres, ou seja... em todas as redes celulares. Antes de iniciar uma viagem, procure saber os telefones de emergência da região por onde você esteja passando. Bombeiros e Policia.
Outra coisa interessante de fazer também é sempre dar uma parada, mesmo que rápida, nos postos de policia na estrada. Não precisa detalhar a viagem toda, mas ao menos fazer uma pergunta sobre a próxima cidade... algo assim, informal, só para marcar sua passagem por ali.
Cartão de Emergência – essencial! Ele deve estar em local de fácil acesso. Em algum lugar visível. Em caso de emergência ele deve ser encontrado com facilidade. Nele devem conter seus dados pessoais... Tipo Sanguíneo, nome, país de origem, número de identificação no país de origem. Telefones e endereço de familiares e de amigos. Origem da expedição e destino da expedição. E se você tem alergia a algum medicamento.

Um comentário:

  1. Deus... cuide deste DOIDO!rs
    O próximo livro: A Vida nos Bosques, Thoreau.

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