Relatos rápidos de Puerto Montt...
fico por aqui mais tempo... mais do que eu imaginava.
Afinal.. eu mal imaginava... e quando imaginava, eu nao imaginava nada disso.
Uma conversa, um susto... um contato...
Uma outra conversa, um aproximar manso... e uma forma de falar calma...
E eu entendia finalmente o que os chilenos falam.
Para a Francisca eu consegui faze-la entender que no Brasil, chamamos Chica...
Aprendi a fazer Palta... algo que mudaria a minha vida para sempre... Sei agora o que é Motte... que é mui rico para el desejuno...
Consegui escrever no caderno dela pelo menos a minha gratidao por ela ter ajudado ou melhor... arquitetado toda a produ´cao de um novo caderno para que eu pudesse continuar a escrever minhas histórias.
A forma com que ela desenhava e media cada centímetro da capa feita por suas proprias maos...
Aquilo era uma engenharia que só uma arquiteta poderia fazer... Nao foi dificil descobrir que sim... era sim uma arquiteta!
E é simultaneamente estranho entender ou perceber as semelhan´cas...
Ele tinha um Jeep... un Samurai... velho...
lebrei imediatamente do meu Niva...
Ele parece fisicamente com o Ram... e com o Pedro...
E de longe eu meio que saberia que ainda viveriamos grandes aventuras por aqui...
Cruzamos o Pacífico para a Ilha Gaspar... nome que ele futuramente dará ao seu Filho... que já esta na barriga de sua companheira, artista plastica de Puerto Montt.
Pe´cas de um quebra cabe´cas nao muito grande... e nao muito dificil de se entender como as coisas tendem a aconcer assim... num piscar de olhos.... sem que vc perceba...
Mas coisas semelhantes...
Como o mesmo cheiro de benzina no carro velho... e a estrada contando com a sorte de chegar em Mitre, uma praia praticamente deserta, na casa de Ana... uma quase senhora muito louca, possivelmente afetada por anos de ácido, mas agora com uma luz e conexao com a natureza ímpar...
Roqueira, e muito agitada, mas completamente ligada a mae Terra...
Duas filhas lindas e maravilhosas... e que aos poucos tenta buscar formas de se manter auto sustentável no meio da Floresta... bem ali, no litoral sul do Pacífico... bem na frente da Ilha Gaspar!
E assim as coisas acontecem...
Uma festa de Natal foi o suficientre... mas ainda fico por aqui até a proxima festa de ano novo...
Agrade´co cada concha que recebi... cada carta... cada abra´co e cada olhar de pessoas que hoje eu sei que vao ser mais do que meros conhecidos de uma viajem que talvez tenha encontrado um sentido agora... em seu final!
Nada absolutamente é um mero acaso! E isso eu tenho certeza!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
momentos que tudo muda
sabe aqueles momentos em que literalmente do dia para a noite tudo muda?
Pois bem... nap foi do dia para noite... pois nao cheguei a presenciar a noite desse dia.
Estou agora em Puerto Montt...
Sai da Ilha Chiloe apos chegar até Castro (e uma outra cidade mais ao sul que nao recordo o nome agora... um nome indigena nao é tao facil de lembrar!)
Uma madrugada em Puerto Montt me colocou diante de uma outra realidade...
Nunca havia vivido aquilo... nunca vivi algo sequer parecido com isso.
Mas eu agora tenho certeza de que nada é um mero acaso e as coisas acontecem quando devem realmente acontecer.
E eu lembro do momento que parei de pedalar... deitei sobre a grana do acostamento da Ruta 5 Norte-Sur CHILE em Chiloé...
E de lá até aqui e agora... um reconhecimento de que eu estava ali na frente daquele ponto de venda de cigarros...
Eu estava escrevendo... e entao um convite estranho... me senti em uma cena do livro A História de B... no porao...
eu seguindo aquela gente até que cheguei em uma rua escura...
Nao tinha medo... porque as pessoas passavam uma energia muito boa.
Mas me deparei com uma porta grande, sendo quase arrombada por essas pessoas.
Entramos em um corredor escuro e dei alguns passos até que a luz se acendeu... uma voz grossa disse: Buenas Noches!...
Logo em seguida subi uma escada e conforme cada lance da escada terminava... alguns desenhos na parede... desenhos lindos...
e de longe eram mais lindos ainda...
Subi as escadas...
e entramos em um ambiente de pouca luz... com mais gente. Um ambiente da baixa Boemia de Puerto Montt...
Cantavam.. bebiam cerveja artesanal... e riam por coisas que eu nao entendia.
Casa da Mata Verde 80 - Espaço Cultural de Puerto Montt.
Internete hackeada do visinho... e é daqui que escrevo... do meu trajeto de volta. Meu caminho de retorno, porem com algumas pausas para nao ser tao rápido.
Pois bem... nap foi do dia para noite... pois nao cheguei a presenciar a noite desse dia.
Estou agora em Puerto Montt...
Sai da Ilha Chiloe apos chegar até Castro (e uma outra cidade mais ao sul que nao recordo o nome agora... um nome indigena nao é tao facil de lembrar!)
Uma madrugada em Puerto Montt me colocou diante de uma outra realidade...
Nunca havia vivido aquilo... nunca vivi algo sequer parecido com isso.
Mas eu agora tenho certeza de que nada é um mero acaso e as coisas acontecem quando devem realmente acontecer.
E eu lembro do momento que parei de pedalar... deitei sobre a grana do acostamento da Ruta 5 Norte-Sur CHILE em Chiloé...
E de lá até aqui e agora... um reconhecimento de que eu estava ali na frente daquele ponto de venda de cigarros...
Eu estava escrevendo... e entao um convite estranho... me senti em uma cena do livro A História de B... no porao...
eu seguindo aquela gente até que cheguei em uma rua escura...
Nao tinha medo... porque as pessoas passavam uma energia muito boa.
Mas me deparei com uma porta grande, sendo quase arrombada por essas pessoas.
Entramos em um corredor escuro e dei alguns passos até que a luz se acendeu... uma voz grossa disse: Buenas Noches!...
Logo em seguida subi uma escada e conforme cada lance da escada terminava... alguns desenhos na parede... desenhos lindos...
e de longe eram mais lindos ainda...
Subi as escadas...
e entramos em um ambiente de pouca luz... com mais gente. Um ambiente da baixa Boemia de Puerto Montt...
Cantavam.. bebiam cerveja artesanal... e riam por coisas que eu nao entendia.
Casa da Mata Verde 80 - Espaço Cultural de Puerto Montt.
Internete hackeada do visinho... e é daqui que escrevo... do meu trajeto de volta. Meu caminho de retorno, porem com algumas pausas para nao ser tao rápido.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Chiloe... e novamente o Pacífico
Hoje... 11:40 da manha dese segundo dia de verao que foi aberto com um lindo eclipse eu cruzei o canal Chacao... e desembarquei en Chacao... porta de entrada da mística Ilha Chiloe...
Estou escrevendo num caderno todos os dias... ou quase todos, pelo menos...
De Chacao eu vim para Ancud... aqui fico até amanha cedo.
Muito sol esses dias... que esta literalmente arrancando minha pele.
Ontem foi o dia mais insano de todos... 12 horas pedalando.. de 08:30 da manha até as 20:00 da noite...
Até encontrar na estrada um velhinho que me hospedou em sua casa...
Ele era de Chiloé (diz-se que quem nasce aqui é Chilote) e fez uma MEGA propaganda daqui...
Bom... a recepçao dos chilenos sao extremas... ou muito BOAS... ou muito RUINS...
(Ruins geralmente vindo dos policias... incrivel como eles sao idiotas...)
Bom... A ilha Chiloe vive da pesca... a ilha cheira peixe...
Sair daqui sem comer um camarao é ir na Disney e nao ver o mickey... (risos..)
(mas tá... eu estou disposto a nao ver o mickey mesmo!)
Estou escrevendo num caderno todos os dias... ou quase todos, pelo menos...
De Chacao eu vim para Ancud... aqui fico até amanha cedo.
Muito sol esses dias... que esta literalmente arrancando minha pele.
Ontem foi o dia mais insano de todos... 12 horas pedalando.. de 08:30 da manha até as 20:00 da noite...
Até encontrar na estrada um velhinho que me hospedou em sua casa...
Ele era de Chiloé (diz-se que quem nasce aqui é Chilote) e fez uma MEGA propaganda daqui...
Bom... a recepçao dos chilenos sao extremas... ou muito BOAS... ou muito RUINS...
(Ruins geralmente vindo dos policias... incrivel como eles sao idiotas...)
Bom... A ilha Chiloe vive da pesca... a ilha cheira peixe...
Sair daqui sem comer um camarao é ir na Disney e nao ver o mickey... (risos..)
(mas tá... eu estou disposto a nao ver o mickey mesmo!)
sábado, 18 de dezembro de 2010
Pacífico...
Dia 14 de Dezembro....
As 16:30 eu comecei a dar as primeiras pedaladas em Valdívia...
As 19:00 eu estava em uma praia em Niebla, com a Natalia... que... bem... com a Natália!
A primeira vez que toquei as águas do Pacífico.
Estou ainda entre Niebla e Valdívia, em um dos lugares mais lindos que estive na minha vida!
Em breve as fotos vao dizer tudo sobre isso...
Hasta...
As 16:30 eu comecei a dar as primeiras pedaladas em Valdívia...
As 19:00 eu estava em uma praia em Niebla, com a Natalia... que... bem... com a Natália!
A primeira vez que toquei as águas do Pacífico.
Estou ainda entre Niebla e Valdívia, em um dos lugares mais lindos que estive na minha vida!
Em breve as fotos vao dizer tudo sobre isso...
Hasta...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
ANDES
Bom... reportando rapidamente aqui de uma Lan House em Osorno.
Estive pensando em escrever mil coisas... mas nao tenho tempo. Vou fazer isso mais no final da viagem.
Como disse, minha partida aconteceu ontem, domingo.
Saí de San Martin para Angostura.
Em Angostura conheci Anedi Sallah. Nao acreditei! Um frances muçulmano!
Tem coisas que nao dá para acreditar mesmo! Só vivendo.
Sai de San Martin meio que correndo. Mas fiquei sabendo das empreitadas do meu irmao no Brasil. Ele abondonou tudo e vai para Troncoso com a companheira dele (que, inclusive, é de Bariloche!)
Confesso que chorei quando li! Meu irmao! Caramba!
¨Tem que viver a parada!¨ - foram as palavras que eu lembro! E nossa... muita energia!
Enfim... eu fiz duas loucuras com minha bicicleta nesses meus 29 anos de vida.
A primeira foi atravessar o túnel Rebolças, que liga a zona norte do Rio de Janeiro até a zona Sul, de bicicleta.
A segunda coisa que realmente me colocou MEDO... e eu realmente achei que nao iria passar por aquilo, aconteceu justamente ontem.
De Angostura (Argentina) eu segui rumo ao Chile... se eu pedalasse mais 160 Kms eu chegaria aqui onde estou justamente ontem.
Cruzar os Andes:
Antes de ter sido um fetiche de anos... atravessa-lo de bicicleta era mais que um sonho: Era um sonho! (risos..)
Lembro quando eu comecei a estudar sobre isso. O Google Earth nao disse que teriam tantas subidas... mas imaginar os Andes e nao imaginar subida seria quase que o mesmo que imaginar o Rio de Janeiro e nao imaginar as praias...
Pois bem... foram mais de 17 Kms de subida...
Voce - Mas Amir... até agora esta fácil!
Eu - Ok... realmente fácil! Vamos dificultar?
Eu - Ok... ok.. Vamos!
Minha bike estava pesando mais do que o de costume. Apesar de muitissimo bem distribuido o peso (graças a um engenhoso sistema de compensaçao de peso!), ainda assim, nunca pedalaria tantos kms com tanto peso!
Mais dificuldades?
No inicio da subida das primeiras montanhas das Cordilheiras, o tempo começou a fechar...
No meio, uma chuva fina.
Comecei a ver alguns pontos de gelo no acostamento. Até tirei muitas fotos... desses pedacinhos de gelo, pois pensava que seriam os unicos que veria.
Ledo engado!
As subidas começaram bem devagar... e depois começou a ficar feia a coisa... e com chuva.
Aos poucos o pouco gelo começou a ser mais.
Aos poucos a chuva virou flocos de neve!
O acostamento bem como a paisagem se tornaram brancos... TUDO!
Era uma emoçao! Eu ali.. com aquela neve todo...
No inicio eu estava achando lindo!
Dez minutos depois... eu comecei a ficar meio apavorado.
A neve começou a aumentar! Eu estava no meio dos Andes... numa tempestade de neve!
Em um certo momento, antes de cruzar a fronteira, tive um princípio de desespero.
Os dedos dos meus pés congelaram. CONGELARAM! E nao é esse friozinho que vc sente nos pés!
Voce nao tem ideia do que é mandar estimulos para movimentar um dedo, e ele simplesmente nao se movimentar!
Me desesperei...
Pensei que na melhor das hipoteses eu iria perder meus dedos...
Cheguei a usar as cuecas que estava levando no alforje para tentar esquenta-los.
O desespero, em situaçoes de risco de vida é o seu pior inimigo! Eu nunca pensei que eu fosse usar essas coisas de certos manuais de sobrevivencia, que eventualmente eu leio.
A fronteira com o Chile acredito que foi a minha expediçao mais sincera da minha vida.
Ali eu nao estava somente para encontrar lindas paisagens do alto dos Andes... eu estava para sobreviver!
Eu estava no meio dos Andes, sem a mínima forma de pedir ajuda... com carros que passavam em espaços de uma em uma hora!
Do alto, as descidas começaram a ser mais frequentes!
Salvo!
Meu joelho esquerdo dói muito! Estou em Osorno mas nao sei se vou conseguir seguir viagem.
É uma dor que eu nunca senti... eu tenho dois ligamentos desse mesmo joelho rompido.
Nao doi para andar. Dói para pedalar e é uma dor de fazer gritar!
Fiquei em uma cabana antes de Entrelagos e hoje eu cheguei em Osorno.
Em teoria, amanha segui para Valdívia! E lá eu vou me molhar nas águas do Pacífico!
Aqui estou na casa de uma velhinha Morma... ela é meio louco... quando eu disse que era do Brasil, antes de eu entrar na casa, ela começou a sambar na minha frente...
Eu tive que rir...
Osorno é uma cidade grande... como Campinas...
Tem de tudo....
bueno... volto na minha proxima oportunidade....
Hasta!
Estive pensando em escrever mil coisas... mas nao tenho tempo. Vou fazer isso mais no final da viagem.
Como disse, minha partida aconteceu ontem, domingo.
Saí de San Martin para Angostura.
Em Angostura conheci Anedi Sallah. Nao acreditei! Um frances muçulmano!
Tem coisas que nao dá para acreditar mesmo! Só vivendo.
Sai de San Martin meio que correndo. Mas fiquei sabendo das empreitadas do meu irmao no Brasil. Ele abondonou tudo e vai para Troncoso com a companheira dele (que, inclusive, é de Bariloche!)
Confesso que chorei quando li! Meu irmao! Caramba!
¨Tem que viver a parada!¨ - foram as palavras que eu lembro! E nossa... muita energia!
Enfim... eu fiz duas loucuras com minha bicicleta nesses meus 29 anos de vida.
A primeira foi atravessar o túnel Rebolças, que liga a zona norte do Rio de Janeiro até a zona Sul, de bicicleta.
A segunda coisa que realmente me colocou MEDO... e eu realmente achei que nao iria passar por aquilo, aconteceu justamente ontem.
De Angostura (Argentina) eu segui rumo ao Chile... se eu pedalasse mais 160 Kms eu chegaria aqui onde estou justamente ontem.
Cruzar os Andes:
Antes de ter sido um fetiche de anos... atravessa-lo de bicicleta era mais que um sonho: Era um sonho! (risos..)
Lembro quando eu comecei a estudar sobre isso. O Google Earth nao disse que teriam tantas subidas... mas imaginar os Andes e nao imaginar subida seria quase que o mesmo que imaginar o Rio de Janeiro e nao imaginar as praias...
Pois bem... foram mais de 17 Kms de subida...
Voce - Mas Amir... até agora esta fácil!
Eu - Ok... realmente fácil! Vamos dificultar?
Eu - Ok... ok.. Vamos!
Minha bike estava pesando mais do que o de costume. Apesar de muitissimo bem distribuido o peso (graças a um engenhoso sistema de compensaçao de peso!), ainda assim, nunca pedalaria tantos kms com tanto peso!
Mais dificuldades?
No inicio da subida das primeiras montanhas das Cordilheiras, o tempo começou a fechar...
No meio, uma chuva fina.
Comecei a ver alguns pontos de gelo no acostamento. Até tirei muitas fotos... desses pedacinhos de gelo, pois pensava que seriam os unicos que veria.
Ledo engado!
As subidas começaram bem devagar... e depois começou a ficar feia a coisa... e com chuva.
Aos poucos o pouco gelo começou a ser mais.
Aos poucos a chuva virou flocos de neve!
O acostamento bem como a paisagem se tornaram brancos... TUDO!
Era uma emoçao! Eu ali.. com aquela neve todo...
No inicio eu estava achando lindo!
Dez minutos depois... eu comecei a ficar meio apavorado.
A neve começou a aumentar! Eu estava no meio dos Andes... numa tempestade de neve!
Em um certo momento, antes de cruzar a fronteira, tive um princípio de desespero.
Os dedos dos meus pés congelaram. CONGELARAM! E nao é esse friozinho que vc sente nos pés!
Voce nao tem ideia do que é mandar estimulos para movimentar um dedo, e ele simplesmente nao se movimentar!
Me desesperei...
Pensei que na melhor das hipoteses eu iria perder meus dedos...
Cheguei a usar as cuecas que estava levando no alforje para tentar esquenta-los.
O desespero, em situaçoes de risco de vida é o seu pior inimigo! Eu nunca pensei que eu fosse usar essas coisas de certos manuais de sobrevivencia, que eventualmente eu leio.
A fronteira com o Chile acredito que foi a minha expediçao mais sincera da minha vida.
Ali eu nao estava somente para encontrar lindas paisagens do alto dos Andes... eu estava para sobreviver!
Eu estava no meio dos Andes, sem a mínima forma de pedir ajuda... com carros que passavam em espaços de uma em uma hora!
Do alto, as descidas começaram a ser mais frequentes!
Salvo!
Meu joelho esquerdo dói muito! Estou em Osorno mas nao sei se vou conseguir seguir viagem.
É uma dor que eu nunca senti... eu tenho dois ligamentos desse mesmo joelho rompido.
Nao doi para andar. Dói para pedalar e é uma dor de fazer gritar!
Fiquei em uma cabana antes de Entrelagos e hoje eu cheguei em Osorno.
Em teoria, amanha segui para Valdívia! E lá eu vou me molhar nas águas do Pacífico!
Aqui estou na casa de uma velhinha Morma... ela é meio louco... quando eu disse que era do Brasil, antes de eu entrar na casa, ela começou a sambar na minha frente...
Eu tive que rir...
Osorno é uma cidade grande... como Campinas...
Tem de tudo....
bueno... volto na minha proxima oportunidade....
Hasta!
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Sexta – 10/12/2010
Não poderia dizer que os motores estão quentes…
Primeiro porque não existem motores e segundo, e talvez o mais importante de tudo... está muito frio aqui para alguma coisa ser entendida como quente!
Mas enfim... Sexta-feira... ou... viernes, como eles chamam por aqui.
Esta chovendo. Um clima muito bom e ruim ao mesmo tempo. Bom pela melancolia da chuva calma nos bosques da patagônia... ruim por estimular a vontade de sair pedalando.
A partida está marcada para segunda... Mas se sábado ou domingo amanhecer com sol, parto antes.
Tudo está literalmente pronto...
Ontem a noite eu terminei de preparar a bicicleta. Todos os mínimos detalhes...
Tudo acertado...
Hoje eu fiquei dando os últimos retoques e já começando a deixar as minhas coisas mais ou menos arrumadas para quando eu voltar.
Viajo na Segunda, rumo à Isla Grande Chiloé, na costa oeste do Chile (claro que é costa oeste! – risos.. só existe uma costa no Chile!). Meu objetivo é cruzar o Golfo ao sul da Ilha e chegar em Chaiten...
Chaiten, como disse anteriormente, a cidade devorada pela fúria do vulcão Corcovado, há dois anos.
Até hoje a cidade não tem ideia de quantas pessoas vivem na região, pois a ultima erupção deixou uma soma desconhecida, ainda, de mortos.
Não tenho ideia do que vai acontecer depois dali. Sei que daqui onde estou, San Martin até lá, serão em torno de 2.000 quilômetros...
Vou cruzar nessa expedição (que eu estou batizando-a de Expedição Pacífico 2010/11), a Cordilheira dos Andes.
Pretendo fazer esse cruzamento no primeiro ou segundo dia de viajem.
Serão os primeiros 158 quilômetros que ligam Villa La Angostura até Osorno, que já é Chile e fica à norte da Isla Chiloé.
Dali vou fazer um pequeno desvio... para Valdivia, passar uns dias por lá. Dois dias, talvez.
E de lá volto para Osorno e depois para Isla Grande Chiloé.
Natal e Ano Novo talvez eu esteja pela Ilha, segundo meus cálculos...
Ontem fui à cidade buscar os últimos mantimentos de viajem.
Agora aqui estão só a ansiedade de partir, e tudo pronto, junto com a chuva e o frio da cabana.
Vou colocar aqui a relação das coisas que estão seguindo viagem comigo nessa expedição.
Muita coisa eu tive que mudar de ultima hora, afinal, essa era para ser uma expedição que seguiria mais ao sul ainda, até Ushuaia, mas pelo simples fato de eu ter descoberto que cerca de 500 quilômetros da Ruta 40 (estrada que me levaria até Ushuaia) era de estrada de cascalho, meus planos mudaram. Com eles, obviamente, os mantimentos e equipamentos de viagem foram reduzidos. Com isso o peso total dos equipamentos.
Seguem as fotos e abaixo as descrições do que esta sendo levado.
Primeiro porque não existem motores e segundo, e talvez o mais importante de tudo... está muito frio aqui para alguma coisa ser entendida como quente!
Mas enfim... Sexta-feira... ou... viernes, como eles chamam por aqui.
Esta chovendo. Um clima muito bom e ruim ao mesmo tempo. Bom pela melancolia da chuva calma nos bosques da patagônia... ruim por estimular a vontade de sair pedalando.
A partida está marcada para segunda... Mas se sábado ou domingo amanhecer com sol, parto antes.
Tudo está literalmente pronto...
Ontem a noite eu terminei de preparar a bicicleta. Todos os mínimos detalhes...
Tudo acertado...
Hoje eu fiquei dando os últimos retoques e já começando a deixar as minhas coisas mais ou menos arrumadas para quando eu voltar.
Viajo na Segunda, rumo à Isla Grande Chiloé, na costa oeste do Chile (claro que é costa oeste! – risos.. só existe uma costa no Chile!). Meu objetivo é cruzar o Golfo ao sul da Ilha e chegar em Chaiten...
Chaiten, como disse anteriormente, a cidade devorada pela fúria do vulcão Corcovado, há dois anos.
Até hoje a cidade não tem ideia de quantas pessoas vivem na região, pois a ultima erupção deixou uma soma desconhecida, ainda, de mortos.
Não tenho ideia do que vai acontecer depois dali. Sei que daqui onde estou, San Martin até lá, serão em torno de 2.000 quilômetros...
Vou cruzar nessa expedição (que eu estou batizando-a de Expedição Pacífico 2010/11), a Cordilheira dos Andes.
Pretendo fazer esse cruzamento no primeiro ou segundo dia de viajem.
Serão os primeiros 158 quilômetros que ligam Villa La Angostura até Osorno, que já é Chile e fica à norte da Isla Chiloé.
Dali vou fazer um pequeno desvio... para Valdivia, passar uns dias por lá. Dois dias, talvez.
E de lá volto para Osorno e depois para Isla Grande Chiloé.
Natal e Ano Novo talvez eu esteja pela Ilha, segundo meus cálculos...
Ontem fui à cidade buscar os últimos mantimentos de viajem.
Agora aqui estão só a ansiedade de partir, e tudo pronto, junto com a chuva e o frio da cabana.
Vou colocar aqui a relação das coisas que estão seguindo viagem comigo nessa expedição.
Muita coisa eu tive que mudar de ultima hora, afinal, essa era para ser uma expedição que seguiria mais ao sul ainda, até Ushuaia, mas pelo simples fato de eu ter descoberto que cerca de 500 quilômetros da Ruta 40 (estrada que me levaria até Ushuaia) era de estrada de cascalho, meus planos mudaram. Com eles, obviamente, os mantimentos e equipamentos de viagem foram reduzidos. Com isso o peso total dos equipamentos.
Seguem as fotos e abaixo as descrições do que esta sendo levado.
A – Alforje 01 – Nele estão as roupas e os toda a parte “eletrônica” da expedição.
Roupas eu estou levando uma calça, duas cuecas, duas meias, uma camiseta, duas camisas de manga comprida, um casaco militar de inverno, uma bermuda de ciclismo e um corta vento. Dentro do Alforje 01 também esta localizada minha carteira com documentos e dinheiro. Um caderno para anotações de viagem, linha de costura (com duas agulhas – uma simples e outra grossa), 3 sacos plásticos, kit de talheres (faca/colher/garfo), canivete, duas canetas, uma caneta permanente, 3 pen drives, vitaminas C e B-12. Carregadores da câmera, lanterna, celular e I-Pod e cabo USB da câmera.
B – Compartimento de germinação. Aqui é onde vão ser preparados os alimentos germinados. Basicamente Amendoim, Grão de Bico, Girassol e Lentilha. Coloca-se os grãos pela manhã, antes de começar a pedalar e no café da manha do dia seguinte estão prontos para serem ingeridos. Sem dúvida um reforço para o inicio de cada dia de pedal.
C – Saco de Dormir, para sobrevivência em até 5 graus. Ainda dentro dele existe uma capa de chuva, em caso de emergência.
D – Bolsa da Câmera.
E – Kit de Higiene, contendo: pasta dental, escova de dente, fio dental, álcool gel, protetor solar FPS 50, Band Aid, batom de manteiga de cacau, hidratante, desodorante, cotonetes, dipirona liquida (eu costumo expelir algumas pedras renais... e isso salva), esparadrapo e um sachê de perfume(nunca se sabe o que e quem podemos encontrar nas cidades – risos..)
F – Sistema de hidratação. Mangueira ligada diretamente à uma garrafa de água.
G – Pneu 700 x 28 de Kevlar (o que permite ele ser dobrado dessa forma).
H – Identificação: BRASIL – www.veganstaff.com
I – Caneca de Plástico.
J – Suporte para I-Pod feito com embalagem de suco.
K – Mapa.
D – Bolsa da Câmera.
E – Kit de Higiene, contendo: pasta dental, escova de dente, fio dental, álcool gel, protetor solar FPS 50, Band Aid, batom de manteiga de cacau, hidratante, desodorante, cotonetes, dipirona liquida (eu costumo expelir algumas pedras renais... e isso salva), esparadrapo e um sachê de perfume(nunca se sabe o que e quem podemos encontrar nas cidades – risos..)
F – Sistema de hidratação. Mangueira ligada diretamente à uma garrafa de água.
G – Pneu 700 x 28 de Kevlar (o que permite ele ser dobrado dessa forma).
H – Identificação: BRASIL – www.veganstaff.com
I – Caneca de Plástico.
J – Suporte para I-Pod feito com embalagem de suco.
K – Mapa.
L – Alforje 02 – Compartimento de comida com: 1kg de massa de macarrão, 0,5 kg grão de girassol, 0,5 kg de lentilha, 0,5 kg de Aveia com açúcar e amendoim (tudo misturado. De manhã é só você acrescentar água quente e está pronto um ótimo café da manhã), 10 laranjas, 2 maças. 4 tabletes de pé de moleque e dois pacotes de biscoito Frutigran Integral.
M - ?
N – Botas. Estou lendo porque eu pretendo fazer umas trilhas a pé em alguns parques nacionais no Chile. Dentro da bota esquerda estão 3 câmaras de ar e um kit de ferramentas para bicicleta. Na bota direita estão duas câmaras de ar, um kit remedo e uma bomba (bomba de encher pneu, ok?!).
O – Tripé para a câmera.
P – Identificação de Tipo Sanguíneo: B+
Q – Na foto não dá para perceber direito, mas estão presos juntos ao quadro da bicicleta 3 raios de emergência, caso algum se rompa.
Eu estou indo com uma calça de ciclismo, uma cueca, um spray de pimenta, uma camisa, capacete, luvas, meias e uma sapatilha.
Como se pode perceber, o peso está bem dividido na bicicleta. Essa é a lei quando se faz uma viagem de bicicleta de longa distância.
Celular – O celular não funciona, logicamente. Mas é bom levar para servir de despertador e também para contatar as emergências. Não importa em que país você esteja ou se existe sinal da sua operadora ou não, os telefones de emergências trabalham em frequências livres, ou seja... em todas as redes celulares. Antes de iniciar uma viagem, procure saber os telefones de emergência da região por onde você esteja passando. Bombeiros e Policia.
Outra coisa interessante de fazer também é sempre dar uma parada, mesmo que rápida, nos postos de policia na estrada. Não precisa detalhar a viagem toda, mas ao menos fazer uma pergunta sobre a próxima cidade... algo assim, informal, só para marcar sua passagem por ali.
Cartão de Emergência – essencial! Ele deve estar em local de fácil acesso. Em algum lugar visível. Em caso de emergência ele deve ser encontrado com facilidade. Nele devem conter seus dados pessoais... Tipo Sanguíneo, nome, país de origem, número de identificação no país de origem. Telefones e endereço de familiares e de amigos. Origem da expedição e destino da expedição. E se você tem alergia a algum medicamento.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Expedición Pacífico 2010
Bueno...
Há alguns dias da minha partida.
Estive hoje o dia inteiro no Bike Hostel de San Martin.
Foi perfeito... eu tinha uns planos e tudo mudou. Isso, como eu bem já sei, muito me interessa.
A mudança de planos sempre esta nos meus planos... (risos...) eu sempre digo isso!
Essa semana acho que foi a mais intensa de todas as que eu estive por aqui.
Passei toda a semana projetando algo... riscando umas rotas no mapa.
Para chegar hoje e desfazer tudo.
Mas não foi a mais intensa só por isso. Acho que as nuances de cada momento tem valido mais do que 10 anos... é como se cada da fosse um ano.
Senti muitas saudades essas semana. Saí de São Paulo, onde morava, dia 23 de Setembro de 2010. Fui para o Rio de Janeiro e sai e lá dia 7 de outubro.
E fiquei em Buenos Aires até dia 13... dia 14 eu desembarquei em San Martin de Los Andes... Patagônia Argentina.
Apesar de já ter estado aqui antes... eu fui quase que obrigado a sentir tudo por aqui como se fosse a primeira vez.
Passei a enxergar com outros olhos as mesmas ruas pelas quais eu já havia passado.
Passei a sentir com outras emoções as mesmas sensações de estar e me sentir no topo da mais alta das montanhas!
Hoje eu experimentei uma sensação nova... A de perceber que às vezes nos sentimos tão sozinhos... mas é justa e exclusivamente porque queremos.... e escolhemos. Porque no fundo, se olharmos para os nossos lados, sempre vamos ver pessoas bem mais próximas... mesmo que há milhares de quilômetros de distancia... ou apenas 12 quilômetros...
Mal sabia que aquele Bike Hostel seria tão interessante.
Senti uma sensação de estar entrando em casa ao entrar nele.
Maxxi é o dono. Ele é um louco viciado em bicicleta! Por onde quer que você olhe para os cantos do saguão principal do Hostel você encontra bicicletas. Das mais modernas e atuais bicicletas... uma Specialized FSK Carbon... até as bicicletas clássicas, como uma Peugeot Aro 28, década de 70.
A bicicleta oficial dele é uma bicicleta feita de bambu. Bicicleta que ele mesmo construiu...
Com quadro feito de tirar de Bambu e a parte de trás de Carbono. As junções do quadro era feito com uma resina de Pinhos... com tiras de cânhamo, fibra de Canabis Sativa, ou Ganja.
Fiquei um tempo estudando os novos planos.
Estava pretendendo chegar em Ushuaia pela famosa Ruta 40 (Ruta = Estrada).
Eu realizei meu sonho de pedalar na Ruta 40 durante 17 quilômetros, na entrada de Bariloche.
Foi uma sensação... quase que de motoqueiro.. (risos..)
Meu pânico sempre foi, desde que na semana passada eu peguei um trecho forte de estrada de Cascalho (aqui se diz Rípio), enfrentar novamente uma estrada de ripio!
E hoje eu vi e fiquei sabendo que de San Martin hasta Ushuaia seriam mais de 500 quilômetros de ripio, dos mais de 2000 quilômetros totais.
A solução foi apresentada inicialmente em nossa conferencia, por Brian...
Brian cruzou o saguão principal do Hostel algumas horas depois que eu cheguei.
Brian havia chegado naquele instante. Viajante de bicicleta, com seus 23 anos, mas com cara de muito mais velho... que mora em Buenos Aires e havia acabado de chegar em San Martin, vindo da cidade mais ao norte, Junin de los Andes.
Junin esta distante de San Martin uns 40 quilômetros.
Hoje... eu sai da cabana por volta das duas de la tarde...
Hoje foi o pior vento contra que eu peguei na minha vida!
Eu pedalo desde os meus 15 anos... e dos 17 aos 24 eu treinava forte... para competições...
Em todos esses anos, eu não me lembro de ter andado em uma estrada com a velocidade dos ventos contrários tão fortes!
Chegando ao Hostel, disseram que era uma tarde atípica... mas comum em dias pré chuva, onde os ventos chegam a velocidades de 45 a 50 quilômetros.
Hoje eu enfrentei um vento de 30 quilômetros. Tremi literalmente.
Vento frio e perigoso.
Quem pedala em estradas sabe que vento contra pode matar em um descuido.
Por isso que em uma viajem de bicicleta você deve distribuir o máximo possível o peso na bicicleta e manter o peso sempre mais baixo possível, se possível abaixo do perfil superior das rodas da bicicleta.
E em ocasiões de ventos, ou regiões onde existe a possibilidade de rajadas de ventos fortes... a velocidade deve ser consideravelmente reduzida...
Uma coisa que eu aprendi nas poucas aulas de física que eu assistia (a maioria das aulas de física eu saia antes de terminar, para fazer trilha de bicicleta!) foi que quanto maior a velocidade horizontal de um corpo em um planeta que existe uma força gravitacional vertical, o peso desse corpo diminui.
Bom... tecnicamente eu realmente não sei até que ponto isso esta correto ou não. Mas eu não creio que isso vá fazer diferença para alguém que esteja lendo isso. Não creio que alguém vá aprender alguma coisa sobre física através de minhas palavras! (risos..)
Enfim.. o fato é que se você está com muita velocidade, você fica mais propenso a ser desestabilizado em uma estrada com ventos de quaisquer direções, justamente porque você fica mais leve. Mas os ventos laterais são consideravelmente mais perigosos, principalmente se você pedala na própria estrada e não pelo acostamento.
Aqui, acostamento asfaltado é muitíssimo raro. Não existe isso! Os estados nacionais não gastam dinheiro com acostamento.
Mostrei algumas fotos das estradas que pedalei no Brasil para o Maxxi e para o Brian... eles perguntaram se eu estava na Europa! E eu disse: “Europa??? Esse é meu Brasilzão sem tamanho!”...
Mostrei algumas fotos da Fernão Dias (famosa Estrada da Morte), Dutra, Bandeirantes, CE 40... dentre outras...
Algumas federais, mas outras estaduais, exatamente como aqui.
A Ruta 40 é a estrada mais famosa da Argentina. Eu diria que a Ruta 40 está para a Argentina assim como a Dutra esta para o Brasil... ou melhor... eu diria que a Ruta 40 é ainda mais importante! Tem lojas aqui e nas cidades de suas cercanias que vendem regalos... lembrancinhas de la Ruta 40, como adesivos... bottons... e essas boludesas. (tá... confesso que eu tenho um adesivo! – risos..)
Andar pela Ruta 40 é quase que um status... um desafio...
Não por ela ser perigosa... mas por ela ter o charme dela...
Não me lembro exatamente agora... mas existe uma estrada nos EUA que é famosa também... não recordo agora... mas eu sei que tem... Rata 66 ou 69... ou 44... não recordo agora, porque me fugiu o nome... mas é algo assim...
No que tange a periculosidade... a Ruta 40 é bem segura, mesmo não tendo acostamento e com alguns bons trechos de ripio... pero es muito longa. Trechos de 200 a 300 quilômetros sem absolutamente NADA.
Aqui não é muito comum você encontrar postos de serviços nas estradas. Os postos ficam nas saídas e entradas dos povoados ou cidades. Não é como no Brasil, que você tem literalmente shopping center`s no meio do nada...
Mas voltando... Brian chegou de Junin de los Andes, também se queixando do vento que ele enfrentou hoje.
Brian está de férias na faculdade. Juntou umas coisas na sua bicicleta (uma Zenith, que é uma marca nacional, assim como a Caloi é no Brasil) e veio para a Patagônia. Ele esta indo hasta Esquel, um pouco mais ao sul de Bariloche, mais uns 150 quilômetros...
Ele foi o primeiro a dizer que eu deveria simplesmente esquecer a Ruta 40 e pensar em ir pela Ruta 3.
A Ruta 3 sai de Buenos Aires e termina em Rio Gallegos, a última grande cidade antes de Ushuaia...
A Ruta 40 eu não sei onde nasce, mas ela termina em Ushuaia, só que uma diferença em relação à Ruta 3... A Ruta 40 vem do norte ao sul beirando as Cordilheiras, enquanto a Ruta 3 também vem de norte a sul, só que pelo litoral atlântico sul.
Bom... disseram que a Ruta 3 é igualmente linda... ou mais. Com cerca de 280 quilômetros literalmente passando pelo litoral do Atlântico.
Hoje eu vi umas fotos que realmente me tiraram o fôlego.
Resolvi que se eu for mesmo para Ushuaia de bicicleta, será pela Ruta 3...
Tenho que descer pela Ruta 40 até Esquel e de Esquel entrar em alguma estrada à leste, para chegar no litoral atlântico.
Porém... confesso que apesar de ter ficado muito entusiasmado com tudo isso e com essas mudanças, a minha bicicleta não foi aprovada por Maxxi, que já fez algumas expedições fortíssimas de bicicleta.
A Ruta 3 é 99% asfaltada. Já na Tierra Del Fuego, ela tem um trecho de 100 quilômetros de ripio....
Além de eu estar com muita bagagem.
Maxxi é literalmente um engenheiro descalço... Ele cria tudo... faz umas adaptações perfeitas.
Eu cheguei a pensar: “Hummm vou entrar nesse hostel.. mas devem ser pessoinhas burguesas... que só viajam com bicicletas de 20.000 dólares e essas coisas”.
Mas para a minha surpresa e muito bem vinda surpresa... a primeira frase, ou uma das primeiras frases que ele disse foi: “Bicicleta boa é bicicleta que você não paga!”.
Olhei para ele e disse: “Bingo! Você é um dos nossos!”. E então começamos a conversar. Ele me mostrou sua bicicleta de Bambu... o projeto, que ele conseguiu com um grupo da África...
Me mostrou o que ele levava nas suas viagens...
Seu alforje era feito de garrafas de óleo de motor de carro!
PASMEM! Mas é verdade... o cara é um engenheiro “das ruas!”
O sistema que ele criou de divisão de peso... era perfeito e muito prático! E sem frescuras!
Além de ele ser super elétrico... enquanto eu estive lá... ele não parou um segundo de falar e de fazer as coisas que estava fazendo (montando uma bicicleta para um amigo...). Ele era 100% energia pura! Limpa!
Uma cara super positivo... dono do Bike Hostel de San Martin (estou fazendo uma propaganda! – risos... – portando.. se você estiver perambulando pela patagônia argentina... não deixe de visitar o Bike Hostel... se você estiver com ou sem bicicleta, não importa! Importa a energia do lugar! Tudo alí inspira esporte positivo!).
Brian é de Buenos Aires, como eu disse... trocamos contatos. Talvez nos encontremos em breve por aqui, ou ainda por Buenos Aires.
Meio que combinamos um pedal hasta Santiago Del Chile em 2011.
Ele faz arquitetura na UBA (Universidad de Buenos Aires), onde eu vou estudar. É bem provável ainda que estudemos no mesmo Campus.
Mas enfim... de tantas informações... eu resolvi mesmo é que eu tenho que estar em Valdivia... depois na Isla Grande Chiloé... e depois voltar para San Martin!
Outra coisa muito importante que eu reafirmei com Maxxi hoje foi que estudar é muito bom. Mas às vezes o ideal mesmo é pegar e ir. Viver tudo como se fosse a primeira vez, sem nem ter a mínima noção do que esta acontecendo. Deixar fluir e seguir as energias.
Eu tinha uma rota paralela à Ruta 40... na verdade, uma outra rota que estava planejando antes de efetivamente acreditar que iria para Ushuaia... que era seguir hasta Valdívia, litoral pacífico do Chile...
Desde quando eu não sei. Mas eu meio que criei alguns fetiches desde alguns anos, que estavam relacionados aqui à América do Sul...
Um deles era estar na Argentina... outro é ir para MachuPichu (isso são planos para 2011... depois eu conto! – risos...). Outro ainda era de pedalar na Ruta 40 (sonho realizado no dia 28 de Novembro de 2010!!!!!!!!!!!!!!!!! YES!!!) e um dos últimos (pelo menos que eu me lembro... eu sei que tem mais... mas esses são os principais, ou pelo menos... os que eu me lembro!) que é o de me banhar nas águas do Pacífico e assistir à um pôr do sol no Mar (no Brasil, não podemos nunca ver o pôr do sol no mar... só podemos ver o nascer do sol, pois estamos na costa leste...)
Bom... conforme você vai estudando as coisas, os sonhos vão se moldando às novas realidades... FATO!
Hoje eu já sei que as águas do Pacifico Sul são extremamente geladas... devido ao fenômeno La Niña, de conversão de águas oceânicas...
O meu sonho agora não é mais me “banhar” no Pacífico... porque disseram, inclusive, que as águas são mais geladas do que a dos lagos glaciais daqui. Então meu sonho ainda continua ser assistir à um pôr do sol no Pacífico... e pelo menos tocar nas águas desse oceano. (risos...)
Pois bem... Valdívia eu ouvi dizer que é lindo.
Vi umas fotos de lá.... falei com umas moças que moram lá... e esta certo que eu vou para lá.
(Valdívia foi uma das cidades mais afetadas pelo último grande terremoto no Chile, esse que aconteceu agora, há pouco tempo. Li que algumas partes da cidade de Valdivia chegou a afundar 2 metros por causa dos abalos sísmicos!)
Tracei tudo.
De San Martin eu vou para Villa La Angostura (o mesmo trajeto que fiz para chegar hasta Bariloche...), porém... me desculpem... mas até La Angostura, dessa vez, eu vou de ônibus... porque eu NÃO vou passar novamente por aquela temida estrada de ripio.. que agora eu sei que existe! (risos..).
Mas enfim... vou hasta La Angostura de ônibus... de lá tenho 42 quilômetros até a fronteira à oeste com o Chile... em terras chilenas, vou pedalar cruzando os Andes (Ahhh mais um sonho que vou realizar!) por mais 120 quilômetros até Osorno.
Em Ososrno tem um museu antropológico até que bem conhecido. Vou ficar na cidade por dois dias... e de Osorno, no Chile, sigo ao norte para Valdivia... que dista 110 quilômetros dalí.
Fico em Valdívia dois dias... Volto para Osorno, durmo uma noite e na manhã seguinte sigo para o sul, rumo à Puerto Montt... cidade conhecida por um massacre de trabalhadores de uma fábrica durante a ditadura na Argentina.
Puerto Montt esta distante 90 quilômetros do canal Chacao, que divide o continente chileno da Isla Grande Chiloé...
São 25 minutos de barco hasta la Isla Chiloé.
A Ilha tem uma extensão de 180 quilômetros de norte à sul. O primeiro porto e a primeira cidade é Ancud.... no extremo norte da Ilha...
A ilha inteira é conhecida por suas enormes igrejas de madeira... dizem que a ilha inteira é muito mística/religiosa e isso pode ser mais interessante para mim, pois no Natal eu devo estar em algum ponto dela.
De Ancud sigo para o meio da Ilha, para Castro, a maior aglomeração populacional da Ilha (pouco mais de 36 mil habitantes divididos entre população urbana e rural de Castro) e a terceira cidade mais antiga do Chile, fundada em 1567... e de Castro, finalmente para Quellón, extremo sul.
Bom... a minha rota termina aqui... De Quellón eu cheguei a pensar em voltar pelo mesmo caminho... mas eu particularmente odeio passar pelo mesmo lugar que já passei. E não estou espiritualmente com essa vontade.
Cada vez que eu olho para meu surrado mapa, meus olhos brilham ao olhar para a misteriosa Chaitén...
Chaitén é uma cidade litorânea oeste do Chile... mais ou menos na altura latitudinal de Quellón, só que do outro lado do Golfo Corcovado.
Chaitén foi o local onde há dois anos ocorreu a ultima grande erupção do ativo vulcão Chaitén.
A erupção quase que acabou com a cidade. A nuvem negra dessa erupção atingiu Buenos Aires, só para termos uma ideia da intensidade.
Hoje a cidade não tem previsão de quantos moradores sobreviventes vivem na região.
É como imaginar que assim que eu atravessar o Golfo, eu vou encontrar uma cidade de zumbis... como no filme Resident Evil... ou então como no filme ZombieLand (com ótimas e divertidas dicas de como sobreviver à ataques de Zumbis! – ASSISTAM, isso por ser útil um dia... como no dia que você desembarcar em cidades como Chaitén!).... (risos..)
Isso me instigou um pouco. E se eu sobreviver aos zumbis, eu conto (e mostro!) como é a cidade.
Tem como atravessar de Quellón hasta Chaitén de Barco, mas talvez sejam algumas boas horas de barco, ou até dias. Não sei!.... mas de Chaitén eu não vou poder fazer muita coisa... porque todas as estradas que chegam até a cidade por via continental, são de ripio...
Se for uma estrada de terra, mas de terra batida... eu até conseguiria pedalar... e de Chaitén, eu poderia seguir até Esquel, atravessando novamente para a Argentina e de Esquel voltar ao norte para San Martin, ou seguir ao leste para a Ruta 3, rumo à Ushuaia.
Bom... até agora eu tenho certo os caminhos que vão me tirar daqui e me levar até Valdivia...
Toda segunda parte do trajeto depende ainda de muita coisa.
Em toda essa rota... coisas que eu acabei esquecendo, é que estão próximas as datas do Natal e do Ano Novo.
E eu não sei ainda como vai ser... provavelmente nesses dias eu estarei em algum ponto da Isla Chiloé.
Eu queria estar com minha mãe, pelo menos no Ano Novo... Mas eu infelizmente não posso sair aqui da Patagônia, por conta dos meus documentos presos no exército daqui!
Se meu documento estivesse pronto amanhã, eu juro que subiria para Buenos Aires e passaria o Natal e o Ano Novo com ela lá... conforme havíamos combinado desde quando eu saí do Brasil.
Mas já que eu estou preso aqui no extremo sul... pelo menos vou fazer isso aqui valer a pena!
Bom.. fim das transmissões por hoje. Esta tarde, e amanhã eu tenho que acordar cedo para voltar para a cidade e verificar o status dos meus documentos!
P.S.: Viajar pela Argentina eu descobri que é mais fácil. Você não precisa gastar uma grana alta com mapas. É só você saber usar uma combinação perfeita do Google Earth e um site boníssimo que é o Ruta 0.
Ruta 0 te dá a distância exata e te diz se a estrada é de asfalto ou de terra. Coloca a distância ponto a ponto do local de origem até o destino, com todas as cidades no caminho.
(Bom... o site tem mais alguns serviços... mas os que mais me interessaram foram esses que eu citei, ela faz, por exemplo, a cotação de quanto se gasta de combustível por trecho... mas isso não me interessa, ou pelo menos por enquanto!)
O ideal é você traçar a rota pelo Ruta 0 e pelo Google Earth traçar as altitudes (isso para quem pedala de bicicleta é super importante!)
Fica aí a dica!
www.googleearth.com
www.ruta0.com
P.S.II: (P.S.II não significa Play Station II ok? É Pós Escrito II – risos..) Uma dica de música para as estradas são os fantásticos e alucinantes podcasts da UFK Dubstep Radio! Pedalar ouvindo DubStep é simplesmente perfeito para as grandes cidades, chega a ser semi perigoso, porque às vezes faz você acreditar que tem asas... mesmo sem tomar RedBull!
Isso foi uma das ultimas coisas que aprendi em São Paulo... com meu irmão Cris Vegan Pride/ Vegan Racing Crew! Mas somente nos últimos dias aqui e depois de baixar todos os programas de podcast da Rádio Londrina eu percebi que isso é um gás a mais nas estradas TAMBÉM!
www.ukfmusic.com
“é isso aí! Vamo que vamo que o som não pode parar!” – Salve Rob!
Vida nas grandes telas
Uma sequência bombásticas dos filmes que tem sido muito bem digeridos por aqui.
Bom... desde que eu cheguei aqui, é raro uma noite que eu não durma assistindo um filme.
Os principais que eu tenho assistido aqui, inclusive repetidas vezes...
Eu tenho usado muito isso também para treinar a audição do Espanhol... isso é perfeito para estudar!
Aqui eu Assisti muitos filmes em espanhol e diretamente em Espanhol.
O primeiro deles, ou pelo menos o que eu me lembro, foi uma comédia romântica... o Wristcutters – A Love Story.
Lindo o filme... conta uma história meio de morte... mas depois de um tempo meio que você entende que consiste na vida pós a morte... E que no final, pelo menos a mensagem que eu consegui captar é que nem sempre aquilo que procuramos é realmente aquilo que buscamos. Às vezes o que buscamos esta muito mais próximo do que imaginamos!
Depois vem a sequencia dos dois filmes que assisti do Terrente, o I e o III.
Torrente é um filme que conta a história de um charlatão policial espanhol. Nossa... não me lembro de ter rido tanto. Eu que nem costumo rir ou gostar de filmes de comédia... quase que fiz xixi nas calças vendo esse filme.
O interessante é a quebra um pouco da realidade de “comédia enlatada norte americana”.
Os dois filmes até que seguem uma história, no primeiro o policial Torrente se envlve na descoberta de uma grande gangue de trafico de cocaína, que acontecia em um restaurante chinês na Espanha.
E o segundo filme que assisti dele, que é o Torrente III, ele é convocado para fazer a segurança particular de uma deputada espanhola, que luta pelo meio ambiente e que esta sendo seguida por assassinos ligados à uma das empresas que ela denunciou como poluente.
Bom... o jeito de fazer filme... a fala dele... o contexto... a forma como ele mostra de uma forma engraçada alguns, inclusive, preconceitos espanhóis... isso tudo de uma forma MUITO engraçada!
Outro filme que assisti aqui, foi El dia de la bestia..
Também uma comédia com o mesmo ator de Torrente... e não menos engraçada! Muito boa comédia espanhola. Conta uma história de um padre que tem que se render aos prazeres da vida para evitar o fim do mundo.
Bom... assisti também aqui, e em espanhol, a grande masturbação fotográfica do Cidadão Kane!
Nossa... nunca pensei que seria tão forte... o inicio do filme já é um orgasmo fotográfico imensurável. Lindíssimo mesmo!
Assisti também novamente As Horas... nossa... sem comentários! É de chorar!
Amarelo Manga... um filme brasileiro. Apenas um recorte muito bem feito do cotidiano.
Laranja Mecânica! Louco demais! Mas você percebe claramente como Stanley influenciou uma gama enorme de filmes pós Laranja Mecânica!
O Sorriso de Monalisa... um romance... lindo! Que mostra que tudo é possível, mesmo que pelas mesmas vias iniciais!
Ahhhhh Patagônia Rebelde!!!!!!!!!!!!!!!!! Na verdade ESSE foi o primeiro filme que assisti aqui!
A história do anarco sindicalismo efetivo e real na Patagônia Argentina. Muito bom para conhecer as raízes da resistência do povo latino americano unido.
Um dos pontos mais perfeitos do filme é quando um dos personagens entra em um bar e destrói todas as garrafas de álcool do bar e diz que aquilo não faz parte da revolução!
ZoombieLand... Uma comédia muito divertida... tipicamente enlatado americano! Mas muito engraçado que conta a história de alguns jovens que devem sobreviver em um mundo de zumbis... No final, fica algumas indiretas criticas à sociedade norte americana em relaçao às drogas... mas isso é bem sutil.
O Silencio dos Inocentes.... Eu já havia assistido em outro momento, no Brasil... mas parece que agora foi muito melhor do que da primeira vez...
Nossa... assustadoramente real! A psicologia me encanta a cada vez que eu vejo seus desdobramentos! Um dia eu ainda estudo academicamente Psicologia! Prometo! – risos..
(certeza que a Pat e a Tamis pularam da cadeira agora ao ler isso... – risos... – piada interna!)
Mujeres al borde de um ataque de nervios!!!
WOWWWW.... Almodóvar é ótimo. Eu ainda não tinha assistido esse dele. E é impressionante como ele capta alguns pontos e consegue reduzi-los em uma cena, uma fala... Uma sequencia de cores... Tudo isso ligado à uma essência feminina crua... nua!
Muito Gelo e Dois Copos de Água... bom... um filma brasileiro... muito engraçado... e nossa.. uma das cenas românticas de amargurar qualquer um! (risos...) a cena do telhado!
Um destaque para a seguinte fala do filme:
“- Você sabe por que dizem que um filho muda tudo na sua vida? Pra maioria das pessoas... é a primeira vez que elas amam alguém. Amor pra valer! Você entende? As pessoas casam sem amor, convivem sem amor, mas... nascem os filhos.”
Eu engoli seco nessa parte!
Destaque também para a trilha sonora! Especialmente para a cena do telhado, com a trilha da Vanessa DaMata, com a música: Música...
E para a cena do carro, deles muito “chapados” e escutando Balão Mágico!!!!! Nossa!!! Sem palavras!
EndGame... um documentário bem tenso sobre os grupos de dominação mundial. Um documentário cheio de conspirações pessoais... realmente intrigante e realmente necessário, nãos para acreditarmos no que é dito... mas sim para deixarmos de acreditarmos no que é seguido. J
9 Songs... bom... esse eu nem colocaria aqui. Mas eu sempre lembro da cena da Karen (uma amiga minha) se espantando ao saber que eu já havia assistido esse filme.
É, para quem já assistiu, quase que um filme pornográfico... mas eu diria que é um filme erótico. Conta uma história de um casal que se conhece por 9 músicas eles vivem um caso intenso de amor... Depois ele segue para a Antártica e ela segue o caminho dela. Também um recorte de um cotidiano bem próximo de algumas realidades.
A vida é feita de momentos... mesmo que esses momentos durem apenas 9 músicas!
(obs.: Esse filme talvez seja encontrado somente na sessão de filmes pornográficos... como eu disse. Não chega a ser um filme sujo... é um filme lindo! Com uma história linda! Mas mostra algumas MUITAS cenas de sexo como ele é... nu e cru!)
Futurama! Ahhhh FUTURAMA!!!! Nossa... eu assisti umas 15 vezes e talvez eu assista novamente hoje, antes de dormir...
O longa mais engraçado que é o “El Juego de Bender”.... nossa... destaque para a fala: “Lindíssima e hermossissima rata espacial!” – risos...................)
E sim... fechando aqui uma relatório rápido sobre o que eu ando assistindo aqui, hoje eu assisti o A Belle Verte...
Nossa... que lindo filme! Esse eu recomendaria a todos os seres humanos desse planeta!
É lindo... sutil... poderoso! Perfeito!
Um dos meus objetivos passou a ser divulgar esse filme por onde eu passar... vou sempre levá-lo comigo para mostrar para todas as pessoas que eu tiver contato nessa vida!
Quero que a minha mãe veja... quero que minha amiga (agora quase que virtual) Sandra veja! Quero que todas as pessoas vejam! Assistam! Mas assistam agora! Saiam de suas casas agora e aluguem.. copiem... distribuam! E caramba!!! Procurem saber o que é... e se possível participem do ENCA (Encontra Nacional de Comunidades Alternativas ou Aquarianas ou Auto sustentáveis ou ou....ou... ) no Brasil... PARTICIPEM!!! Nem que for só para conhecer! Procurem saber das regionais que atuam em suas cidades... em todo Brasil existem pontos de contatos, inclusive na selva de pedra... São Paulo!
Assistam...
Bom... é isso... filme é sempre bom para dar uma relaxada na cabeça... mas também para te colocar em outras realidades diferentes, em diferentes momentos da sua vida.
Sempre tem uma frase que você ainda não tinha percebido, um olhar... uma música.
Na verdade, isso é assim com tudo...
Aqui eu só contei como isso acontece com... filmes!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Bike Trailer
http://tyronemenezes.multiply.com/journal/item/5
queria ter isso!!!!!!!!!!!!!!
Mas para quem tem tempo.... é ideal ir montando UM!
queria ter isso!!!!!!!!!!!!!!
Mas para quem tem tempo.... é ideal ir montando UM!
Músicas e Estrada
Estava agora mesmo falando com uma amiga....
estava eu aqui pensando como tem sido bom conhecer o Brasil de longe... e um dos aspectos que mais estão me impressionando são os estilos musicais daí....
Eu sempre gostei de musicas em geral... mas agora, estando tão longe... eu tenho me aproximado cada vez mais da música do Brasil...
Ontem estava baixando todos os milhões de discos do Jorge Ben....
E nossa... Balão Mágico...
Lembrei que eu tinha todos os discos do Balão Mágico... lembrei da minha infância... e justamente quando ontem e justamente ontem, a minha prima me escreveu e me surpreendeu com uma foto minha e da minha irmã quando éramos muito jovens.... justamente quando ouvíamos Balão Mágico...
estava eu aqui pensando como tem sido bom conhecer o Brasil de longe... e um dos aspectos que mais estão me impressionando são os estilos musicais daí....
Eu sempre gostei de musicas em geral... mas agora, estando tão longe... eu tenho me aproximado cada vez mais da música do Brasil...
Ontem estava baixando todos os milhões de discos do Jorge Ben....
E nossa... Balão Mágico...
Lembrei que eu tinha todos os discos do Balão Mágico... lembrei da minha infância... e justamente quando ontem e justamente ontem, a minha prima me escreveu e me surpreendeu com uma foto minha e da minha irmã quando éramos muito jovens.... justamente quando ouvíamos Balão Mágico...
Pegar carona
Nessa cauda de cometa
Ver a Via Láctea
Estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
Numa nebulosa
Voltar pra casa
Nosso lindo Balão Azul...
Nessa cauda de cometa
Ver a Via Láctea
Estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
Numa nebulosa
Voltar pra casa
Nosso lindo Balão Azul...
Dançar
“se lembrar dos TEMPOS e dos nossos momentos... Lembre da nossa música...”
Nunca antes teria viajado para tão longe.
Eu penso em tanto coisa.... lembro de tantas outras.
Tenho sentido vontade de dançar... de estar com alguém...
Olhar nos olhos.
Alguém que estivesse aqui... ou onde quer que fosse.
Esse alguém agora perdeu o rosto. Em algum momento lá atrás esse alguém tinha um rosto que eu podia imaginar. Tinha um nome que eu podia chamar.
Alguém esse alguém... hoje é só um alguém.
Que me faça sorrir... que me faça paz... que me faça dançar.
Penso em rir junto com alguém... Sentar bem de frente, com as pernas cruzadas...
De olhar fixo nos olhos... de beijar a boca.
De brincar com as minhas mãos nas mãos dela.
Beijar a testa... Sentir sua pele.
Encostar minha testa na dela e nos encararmos.
De sentirmos as energias pelos nossos contatos.
Sinto falta hoje de alguém do meu lado.
Para Dançar, mais precisamente.
Queria rir com ela...
Dar gargalhadas.... e depois cair no chão de tanto dançar... e olhar a luz das estralas pela janela aberta.
Eu tenho vontade. Sinto saudade.
Eu queria dançar com ela. Estar com ela...
Mesmo que ela agora... seja apenas e tão somente...
.Ela.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Passagem
Estava lendo un blogs....
achei essa passagem de um blog de uma talvez antiga amiga:
¨Os recursos da vida com a natureza instintiva são muitos, e as respostas mudam a medida que você muda e o mundo muda e por isso não se pode dizer: “ faça isso e aquilo nessa ordem e tudo ficará bem. “ No entanto, durante toda minha vida sempre encontrei lobos, tentei decifrar como conseguem viver, na maioria das vezes, em tamanha harmonia. Assim, tendo como objetivo a paz, sugiro que você comece agora mesmo com qualquer item da lista. Para quem estiver se esforçando, pode ser de grande ajuda começar pelo número dez.
1.Coma
2.Descanse
3.Perambule nos intervalos
4.Seja leal
5.Ame os filhos
6.Queixe-se ao luar
7.Apure ou ouvidos
8.Cuide dos ossos
9.Faça amor
10.Uive sempre¨
...Luisa...
achei essa passagem de um blog de uma talvez antiga amiga:
¨Os recursos da vida com a natureza instintiva são muitos, e as respostas mudam a medida que você muda e o mundo muda e por isso não se pode dizer: “ faça isso e aquilo nessa ordem e tudo ficará bem. “ No entanto, durante toda minha vida sempre encontrei lobos, tentei decifrar como conseguem viver, na maioria das vezes, em tamanha harmonia. Assim, tendo como objetivo a paz, sugiro que você comece agora mesmo com qualquer item da lista. Para quem estiver se esforçando, pode ser de grande ajuda começar pelo número dez.
1.Coma
2.Descanse
3.Perambule nos intervalos
4.Seja leal
5.Ame os filhos
6.Queixe-se ao luar
7.Apure ou ouvidos
8.Cuide dos ossos
9.Faça amor
10.Uive sempre¨
...Luisa...
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Um ensaio... sobre a saudade.
Esse foi um título que veio à minha cabeça logo que eu fui impelido por uma vontade de contar algo sobre isso.
Na verdade, foi uma soma quase que quântica de vontade própria com a de uma amiga que me perguntou como eu lidava com isso.
Saudade...
É uma palavra que na língua que estou aprendendo (espanhol) é um pouco diferente... sentir saudade é “estrañar” uma pessoa...
Sentido oposto também para o que nós, brasileiros, sabemos o que é ser “estranho” a alguém...
São saudades distintas, talvez... mas fruto de um mesmo sentimento... de uma mesma raiz.
Como então dizer ou correlacionar isso de uma forma concisa a ponto de estar de acordo com essas palavras. Ou melhor... fazer com que essas palavras estejam de acordo com uma coerência ao se falar disso?
De fato, a propositura desse desafio talvez devesse ser algo mais individualizado... mais particular, eu diria.
Talvez algo entre eu e ela, tão somente...
Mas depois eu pensei: Oras! Não seria justo da minha parte contar sobre isso, sem que a razão motivadora não soubesse também. Isso é e deve ser, pelo menos para mim, como uma reflexão sincera daquilo que sei sobre saudade... ou melhor... daquilo que sinto, sobre saudade.
E sim... a saudade deriva, pelo meu ângulo de onde eu posso sentir, daqui... da parte daqueles que se distanciam e não daqueles que ficam e assistem o distanciar de outras pessoas, e ambos são sentidos de uma forma completamente diferente.
Penso que são dois lados, mesmo que de uma mesma moeda, mas ainda assim... DOIS lados!
Um é você se enxergar na posição de quem ficou para trás... e sente saudade daquele que se foi.
Outro lado é o de quem partiu e deixou para trás aquilo que hoje é o centro da saudade.
É um sentimento.
Conto, portanto, como que de uma forma naturalmente individual.
E também da forma com que lido com isso.
Na verdade, é uma história...
Mais uma, dentre tantas outras.
O começo dela ninguém sabe, nem eu sei, ao certo, quando começou...
Não quero uma aula sobre antropologia... mas sim falar e contar um pouco da minha experiência e quando foi que ela nasceu dentro de mim, para depois saber, como é que ela atua comigo... e como eu consigo viver com ela.
A saudade, portanto, nasce de momentos que admiramos.
Momentos que podem estar ou não ligados à outras pessoas...
Sentimos saudade somente daquilo que conhecemos, de fato. Daquilo que não conhecemos, logicamente não sentimos saudade.
Sentimos saudade daquilo que vivemos, portanto.
Daquilo que de alguma forma marcou nossa existência naquele momento X...
Se foi com uma pessoa... será a pessoa...
Se com um momento abstrato... será a saudade desse momento.
A saudade é a falta que nos faz sentir aquilo que nos faz bem.
Se um dia você conhece inusitadamente uma pessoa... e com o tempo (o tempo pode ser longo... tipo, dois anos... ou extremamente curto... tipo, 8 horas) percebe que estar com aquela pessoa te faz sentir coisas boas... sentir-se acolhido e seguro...
Ali é o principio....
Confesso que a saudade é necessária para a vida.
A vida não é uma obra de arte... e os momentos não são duráveis.
Essa frase é importante para sabermos detalhar o que é um momento... e porque ele não deve ser ideal todo o tempo.
Como assim “não ser ideal todo o tempo”?
Explico...
A vida, ou pelo menos o que eu consigo entender dela, é como um coração pulsante...
Como as ondas do mar...
A vida deve ter movimento... e o movimento quem dá são as variações dos momentos.
Bate forte... bate devagar...
A onda forte... e a onda calma...
As grandes emoções... e as emoções sutis.
É assim que se constitui a vida: às vezes estamos lá em cima... mas às vezes temos que admitir estarmos lá embaixo...
E perceber a importância de estar em cima ou embaixo deve ser algo complemente desvinculado à uma lógica quantitativa e cartesiana de opostos.
Se talvez entendêssemos os momentos fortes e outros não fortes apenas como estágios distintos entre si, tão logo diferentes, poderíamos entender uma coexistência entre eles. Não os julgando parcialmente como bons ou maus... mas sim tão somente como a coexistência de um todo.
Tudo aquilo que nos faz bem, nos faz bem naquele momento.
Pode ser que num segundo momento não seja tão dessa forma.
A saudade, portanto, deve ser enxergada como uma memória de um passado...
E não como uma âncora que vai te acorrentar a busca de repetir os momentos perfeitos e bons.
A saudade tem uma outra peculiaridade: A saudade é egoísta...
Sim! Egoísta... porque ela se relaciona diretamente com o nosso ego, fazendo com que a saudade exista somente por aquilo que JULGAMOS individualmente como bom.
Nunca sentimos saudades daquilo que nos aborrece, ou nos maltrata.
Nunca vamos sentir saudades de um carrasco... de um acidente.
Mas sentimos saudades daquilo que esta diretamente ligado aos nossos julgamentos de partes positivas e boas de nossas vidas.
A saudade, por conseguinte, deve ser combustível sim... mas não para uma reprodução daquilo que já sabemos ser bom, mas para um acalento daquilo que cresceu dentro de nós... e precisa constantemente ser revisto.
Como eu lido com isso tudo...
Essa, na verdade, foram palavras que chegaram por e-mail, vindos de uma amiga... ao qual sinto muitas saudades.... mas uma outra forma talvez de senti-la... uma saudade com cheiro de platônicismo...
De algo idealizado demais para ser verdade na prática.
Palavras que chegaram como uma pergunta... e que talvez eu não soubesse responder até que começasse e escrever sobre isso, aqui e agora.
(por isso eu admiro cada vez a capacidade que algumas pessoas têm de estimular outras na busca de respostas... isso, sinceramente, eu julgo ser a coisa mais importante em uma pessoa: a capacidade que ela tem de fazer com que você se mova... ou a capacidade que ela tem de te tirar do lugar... da inércia!).
De fato sinto muito...
Sinto no sentido literal dos sentimentos... (risos... woowwww.... que complicação para dizer uma coisa simples, né?)
Pois bem... mas é isso. Eu, apesar de tudo... ainda consigo me considerar uma pessoa sentimental, mesmo sendo bastante racional.
Mas eu costumo dizer que sou 0,2% mais sentimental que racional.
Contudo... o que isso interessa?
Bom.. interessa pois se você se considera ou aceita-se como sentimental, isso significa dizer que tudo que for do “ramo” dos sentimentos, será mais... digamos... “valorizado”. Ou melhor... será mais “apreciado”... “degustado”...
A saudade nasce, portanto, nesse momento de distância, de tudo aquilo que quando você olha para trás, te faz sorrir e pensar: Caramba! Que bom que era aquilo!
A saudade transforma... e pode tomar conta de todo um momento. Você pode fazer ou deixar de fazer certas coisas por estar impelido de demasiada saudade.
Mas eu costumo também brincar que a certeza é a inimiga da saudade.
Não sei e não pensei ainda sobre a certeza ser a MAIOR inimiga da saudade, mas agora e literalmente agora, eu pré julgo como uma inimiga, somente. Uma grande, inimiga, eu diria.
Por quê?
Bom... a certeza é meio que a razão dentro do sentimento da saudade, entende?
A certeza faz com que você mantenha-se com os pés no chão... e é geralmente o que faz com que essas pessoinhas aí que são sentimentais, ou que se julgam sentimentais (eu sou uma delas! – risos..), não saiam por aí cometendo loucuras em nome da saudade, nem modificando seus planos de vida ou planos de momentos, em nome dela...
A saudade “inerente”.
A saudade, por si só já deve ser entendida como inerente... Porque a todo momento você esta construindo coisas das quais pode sentir falta... Mas a saudade, como dizia, tem uma inimiga, ou melhor... tem uma solução. Um antídoto, talvez. Que é a certeza, ok?
Mas às vezes, nem a certeza é capaz de resolver aqui nessa vida, e de uma forma prática e fisicamente possível, um sentimento de saudade que temos.
Isso acontece quando sentimos isso por momentos únicos... e exclusivamente determinantes.
Isso se dá também ao que sentimos por pessoas que não estão mais vivendo entre nós... (nesse caso, é imprescindível recorrermos ao engrandecimento e lapidação das nossas porções espirituais, pois isso faz com que exista a tal “certeza”, quando estamos falando de vida e de morte).
Desta forma, podemos lidar com isso como sendo uma tal saudade inerente. Coisas que passaram, que foram muito boas... mas que não serão possíveis, nem de longe, serem novamente vividas.
A certeza, desta forma, acaba sendo a solução, por fazer com que exista uma expectativa de viver senão a mesma coisa, algo muito parecido.
O erro, como já dizia anteriormente, é você buscar suprir a saudade com reproduções do passado.
Mais uma vez eu reescrevo a frase:
A vida não é uma obra de arte... e os momentos não são duráveis.
O que vivemos, passou... vivemos e ponto final.
Se foi bom ou mal, tanto faz para essa parte do contexto. O fato é que passou.
Mesmo aquilo que pode ter sido mais maravilhoso... se foi passado... não existe, de fato, nenhuma segurança e certeza de que aquilo se repetirá no presente/futuro.
Mas a certeza dá à saudade a solução, quando pensamos na certeza como algo não idealizado.
Como algo... digamos... não concluído e esperado.
Mas somente como uma nova fase, sabe?
Não sabemos o que vamos enfrentar nessa nova fase, mas sabemos que podemos tentar passar por ela de uma forma positiva.
Aí entra a função da saudade, como arquivo memorial do que vivemos...
Não temos que ter certeza que vamos viver coisas boas se reproduzirmos os momentos, mas sim ter a certeza de que vamos estar prontos para viver coisas novas, e que sejam as melhoras possíveis!
E aí sim a saudade se torna algo extremamente importante na vida de um ser humano... pois ela vai construir coisas novas e novas possibilidades de você buscar por coisas positivas, SEMPRE.... visto que, lá atrás, vimos que a saudade é um mecanismo sentimental um tanto quanto e exclusivamente... egoísta!
E se você tem certeza de que aquilo não foi um acaso... que aquele bom momento passou, mas que outros vão vir... geralmente você aprende que a saudade é um fio de vida, ou melhor... um dos pilares da sua busca por coisas boas.
Isso se relaciona de todas as formas possíveis... desde familiares... lugares que você esteve e não esta mais... amigos que estiveram com você.... TUDO!
Lidar com a saudade é para mim... algo como lidar com as certezas.
Sentir saudade é sentir vontade de realmente acreditar demais naquilo que se esta fazendo, e percebendo a todo instante que aquilo vale à pena.
Que às vezes pode parecer difícil ou duro... mas que ainda assim, vale muito a pena ser feito.
Eu já fui de chorar mais por estar distante de pessoas que eu queria todas do meu lado...
Mas apenas como um desfecho... a vida é esse coração pulsante... essa roda gigante que nunca pára.
E o que podemos ofertar a nós mesmos, no que tange ao fato de sentirmos mais ou menos saudades, um em relação ao outro, é o desapego dos momentos... e ter a certeza de que eles acontecem assim... muitas vezes sem sabermos dar um única linha de explicação, de uma forma inusitada, portanto. Ou em outros momentos, tentando por alguns muitos parágrafos explicar o que é e como lidar com isso que ninguém um dia vai saber explicar, muito menos dizer por palavras como lidar: A saudade!
Mas ainda assim, poder olhar para frente, mesmo que seja para uma foto, por exemplo... e dizer: “Arianne, estou com saudade!” faz todo o sentido, pois não importa onde estivermos... com quem estivermos... de uma forma igualmente inexplicável tudo esta conectado.
Sentir saudade de uma amiga especial.. de um parente próximo... de um lugar que estivemos em algum momento... tudo isso basta quando temos a certeza de que aquilo não acabou ali, e o que vêm pela frente é apenas a continuação do que COMEÇOU ali.
E eu costumo dizer também, que quanto mais intensa for sua saudade, mais intenso serão seus dias... pois você vai perceber na pele que está fazendo com que tudo, no final das contas, vai valer cada segundo que sentimos... saudade.
Efeito Colateral da Edição
Minha mente esta equalizada.
Esteticamente dividida entre brilho e contraste.
Meus pensamentos passam pelas variações entre magenta e verde.
As curvas das sombras ainda rastreiam meus sentimentos
E o nível das formulações vermelhas atenuam cada vez mais o meu ser.
Passo pela saturação dos ainda resquícios do que antes era passado.
Enjôo-me com a febre de buscar a cor,
Ou às vezes simplesmente optar pela falta dela.
Daquilo que antes eu acreditava ser completo,
Agora resta apenas selecionar e cortar o que fica melhor.
O ângulo alfa e as torres de descrição nunca vão dizer,
De fato... nunca vão mostrar...
O que está bem ali... do lado oposto ao que esta explicito.
Passagens para o futuro
“Ele - Digamos que você é a Antártica... e eu sou o Amir Klink. Por mais que o Amir Klink goste da Antártica, e queira ficar mais tempo lá... o clima gelado não permite. A frieza da Antártica repele o Amir. Entendeu?
Ela - Entendi.... A Antártica pede desculpas pro Amir Klink. Mas são as condições ambientais que deixaram ela assim.
Ele - Mas o Amir gosta da Antártica do jeito que ela é... Linda, branca, misteriosa. Ela só precisa ser menos...
Ela - Se você ficar dando bobeira na minha frente, eu vou fazer meu “top de 5 segundos” com você.
Ele - Fazer o que?
Ela - Eu tenho um “top de 5 segundos” para as coisas acontecerem. Entendeu?
Ele - Entendi...
Ela - Você quer que eu faça meu “top de 5 segundos” com você?
Ele - Dói?
Ela - Não! Quer dizer... possivelmente sim. Mas... só depois... um dia...
Ele - Eu topo!
Ela - 5,4,3,2,1....”
E aconteceu como ela tinha previsto! Mesmo que com um copo com muito gelo e dois dedos de água.
San Martin hasta Bariloche... e suas energias.
Sábado, 27 de Novembro, aqui… 2010 anos depois de Cristo…
Os meus motivos seriam muitos... talvez intermináveis. Minhas razões também...
Na verdade, essa história começa um pouco antes... bem pouco antes!
Era sexta feira... um dia antes desse sábado.
Eu estava editando umas fotos aqui no quarto de cima da cabana na floresta...
Editar fotos eu sempre achei um verdadeiro “saco”... mas dessa vez, naquela sexta-feira... eu estava gostando. Tanto que passei o dia inteiro fazendo isso. Mesmo que no dia inteiro eu tenha tratado umas 10 ou 12 fotos somente.
Curvas... níveis... saturação... brilho... contraste!
Tudo muito sensível... e eu percebi umas coisas bem interessantes... que uma foto em si... é só uma foto...
A vida à ela... é o Photoshop que dá.... e nesse processo, existem as emoções daquele que trata as imagens... Isso depende do humor, do estado de espírito de cada um.
A vida à ela... é o Photoshop que dá.... e nesse processo, existem as emoções daquele que trata as imagens... Isso depende do humor, do estado de espírito de cada um.
Ou seja, a foto é única, de fato. É um “momento eternizado em uma imagem que não se mexe”... Mas a alma desse momento, você é quem descobre alterando as linhas das curvas de sombra... de contraste... de cor.
Isso faz com que algo além da foto única exista ali, bem diante dos seus olhos.
Sempre foi.. e talvez sempre seja assim... A foto mostra aquilo que quem a tirou quer mostrar, e a parte de edição é uma parte importante.
Fico ainda muito abismado com a frase do meu amigo Ram... um dos meus ícones vivo (MUITO VIVO!) e inspiradores... que dizia que existem dois tipos de se tirar uma foto: “Analogicamente ou digitalmente.
Quem trabalha com analógica TEM que saber usar um laboratório de revelação...
Quem trabalha com digital TEM que saber usar.... PHOTOSHOP!”
E é verdade... nos mínimos detalhes isso é verdade.
O antes e o depois são quase que opostos... e as possibilidades são absurdamente variáveis. Um milímetro de movimentação de uma curva de cor, pode mudar completamente o sentido da foto tirada.
Enfim... trabalhar com isso é quase uma terapia.
E eu estava nessa terapia durante toda a sexta-feira.
Estava um dia lindo lá fora... o sol.
E então veio a noite... e eu continuei com isso. Com as fotos...
Antes de desligar o computador... fiz uma breve recapitulação de todas as fotos que estavam no meu computador. Umas bem antigas... de 2005... outras bem recentes, ali do nordeste do Brasil.
Nossa... foi especial aquilo. Ver os momentos... as pessoas.
Pensei em escrever e vou escrever um ensaio sobre a saudade. Faz um tempo que prometi isso para mim mesmo, e para uma amiga do Brasil, que em breve vai estar vivendo ali em Londres...
Ela me propôs um desafio (ou pelo menos eu tomei isso como um desafio...), que foi o de contar-lhe como lidar com a saudade, das pessoas... dos lugares.
Desde então eu venho pensando em escrever sobre isso... e ter visto todas as fotos, me vez sentir mais ainda uma urgência em contar sobre isso.
(...)
Olhei para os meus lados. Meus livros; poucos livros que trouxe comigo, e alguns que recebi de presente por aqui.
Olhei para um dos infinitos mapas que me circulam. Olhei para umas revistas de fotos que tenho por aqui... Uns catálogos de pássaros raros da Patagônia...
Olhei uns roteiros obrigatórios que eu rabisquei na semana passada e pensei: Se não agora, quando?
E quase que concomitante ao término desse pensamento... eu já estava com o celular na mão, ajustando o despertador para as 6:30 da manhã de sábado!
Fui dormir pensando no que levar... o que carregar.
Efetivamente pensei que sábado seria um dia especial. Eu iria fazer a minha primeira viagem de bicicleta em estradas internacionais.
Eu já havia pensado nisso. Mas somente pensado.
Sábado eu iria fazer o trajeto de San Martin de Los Andes até Villa La Angostura, que dista cerca de 140 quilômetros da cabana.
A Cabana está cerca de 20 quilômetros ao norte de San Martin. E Villa La Angostura está há cerca de 120 quilômetros de San Martin, mais ao sul.
Desde que estou aqui, há mais ou menos dois meses, eu tenho ocupado parte do meu tempo em projetar roteiros de lugares que eu TENHO que estar... Dentre eles eu coloquei Villa La Angostura, por ser um trajeto conhecido como “Caminho dos 7 Lagos”...
Bom, creio ser meio auto-explicativo o nome de como o Caminho até La Angostura é conhecido, certo?
Isso mesmo, porque no Caminho até La Angostura, a estrada passa por 7 Lagos de águas glaciais da região patagônica da Argentina.
Apenas para termos uma comparação com o Brasil... a Patagônia está para a Argentina, assim como a Amazônia esta para o Brasil.
Isso, logicamente, tendo uma comparação grotesca... não estou comparando aqui os aspectos econômicos/sociais. E sim os mistérios da fauna e flora... Isso com certeza faz muito sentido a comparação.
No mais... aqui tudo é muito exclusivista... Ou seja, muito voltado ao turismo excessivamente caro.
As cidades ou povos que vivem em torno desses lagos, exploram o turismo e isso aqui, eles fazem muito bem.
As cidades que permeiam os lagos e vales das cadeias de montanhas também são conhecidas como “pequenas suíças”, só para você ter uma idéia. Ou então, basta você saber estou aqui na região de Bariloche, muito conhecida no Brasil por pessoas que buscam um inverno rigoroso com muita neve, vinho e um pouco de fondue.
E isso no Brasil, seria como enxergar em cada pontinho do mapa onde mostram as cidades, como várias Poços de Caldas espalhadas pela região patagônica na Argentina.
(Hummm... claro... mas tudo muito mais caro e exclusivo do que propriamente em Poços de Caldas no Brasil – Quando eu digo caro... é caro mesmo. Aqui as pessoas da classe média alta não frequentam! Aqui é classe alta mesmo... é como a rua Oscar Freire, em São Paulo)
Pois bem... além disso tudo, o Caminho dos 7 Lagos eu sempre ouvi as pessoas daqui dizerem que é um dos roteiros mais lindos da Patagônia.
Bom... isso foi o suficiente para eu incluir esse roteiro no meu mapa de coisas que eu TENHO que fazer por aqui até Março (começo a estudar em Março, em Buenos Aires... portanto, eu vou subir para Buenos Aires talvez no inicio de 2011).
Nos meus planos, ao lado do Caminho dos 7 Lagos, esta Ushuaia, e Valdivia, no Chile, por exemplo.
Mas por motivos relacionados ao tempo e a minha impossibilidade de movimentação fora da Argentina (não estou com documentos que me permitam sair da Argentina), meus olhos foram direcionados para Villa La Angostura.
Um trajeto relativamente próximo. Eu não levaria muito tempo e conheceria a realidade de viajar de bicicleta em outro País.
Como disse, seria uma aventura de 140 quilômetros...
Para Ushuaia, por exemplo, seriam e serão 3.000 quilômetros... e eu, sinceramente, não estou preparado física e espiritualmente para isso... (Talvez em duas semanas eu esteja... mas não agora! – risos..)
Tudo preparado. Fui dormir na sexta, meio que sonhando com as coisas que eu ia levar. Com a roupa que eu iria sair.
Tudo teve um toque de muita ansiedade. Eu quase não dormi, na verdade.
Por quê?
Simples... seria a primeira vez que eu ia viajar em estradas internacionais. Eu não tinha pensado muito. Como eu disse, foi algo que eu resolvi fazer literalmente do dia para noite...
Não sabia o que levar para comer. Se existiam postos de serviço nesse trajeto...
Confesso que eu fui meio cego para essa viajem. Tudo muito corrido.
Não sabia se as estradas eram boas ou ruins...
E esse último fator foi realmente algo que eu me arrependi de não ter estudado antes.
Essa é a falha que geralmente as pessoas que se julgam independentes e confiantes demais cometem ao longo de suas investidas mundanas.
Eu estava confiante demais de que tudo daria certo.
Eu tenho um mapa muito bom, da cartografia rodoviária da Patagônia Argentina. Mas esse mapa eu não comprei. Ele estava aqui na Cabana, porém, é um mapa de 2002.
Eu vi a rota que eu iria seguir... Vi que no mapa mostrava um trecho de uns 80 quilômetros, dos 140 totais, que estaria em fase de construção para asfaltamento.
Bom... a minha lógica confiante e independente me fez acreditar que se em 2002 a estrada estaria em reforma, é claro que em 2010 a estrada estaria mais do que pronta.
Isso não faz um sentido lógico?
Sim... é uma lógica que eu usei para sair da Cabana, com uma bicicleta Speed (ou seja, projetada para Asfalto – aquelas bicicletas com pneu fininho, sabe?).
Pois bem... às 8 da manha de sábado começaria então a minha primeira expedição, que eu agradavelmente a chamei de “Desafio dos 7 Lagos”.
Eu montei o alforje da minha bicicleta pela manhã. Separei um pouco de Aveia, Semente de Girassol germinado. Um pouco de Amendoim e 6 laranjas.
Saí da Cabana rumo à minha primeira parada, que seria na cidade San Martin de Los Andes.
Parei no supermercado, comprei uns biscoitos integrais e uma garrafinha de suco, para posteriormente usá-la com água.
Atravessei a cidade e lá estava eu na estrada de saída sul da cidade, rumo ao desconhecido.
Vi a primeira placa indicando meu destino: La Angostura, indicando 112 quilômetros.
A saída Sul de San Martin de Los Andes já me deu uma expectativa do que eu iria encontrar pela frente.
A minha câmera eu adaptei um suporte para o case dela, no bagageiro da bicicleta, mas eu desisti de usá-lo nos primeiros quilômetros porque a todo instante eu via uma nova foto e o tempo que eu estava usando para descer da bicicleta, sacar a câmera e tirar a foto era muito grande, então, nos primeiros 5 quilômetros eu andei com a câmera pendurada no pescoço mesmo.
A saída sul contornava o primeiro lago, o lago Lacar.
O lago Lacar eu já conhecia, ele banhava a cidade de San Martin. Mas a estrada de saída sul, simplesmente contornou todo o lago pelo perímetro leste rumo ao sul.
As paisagens ficavam cada vez mais bonitas a cada pedalada.
Eu demorei 40 minutos para pedalar esses primeiros 5 quilômetros, justamente por ficar parando para admirar e sacar fotos.
Eu às vezes parava de pedalar só para dizer: Caramba! Isso não existe!
Tá... mas existia sim, e estava bem ali na minha frente.
E quem pedala em estrada, ou em geral quem pedala, sabe que o mundo acontece de uma forma diferente em cima de uma bicicleta. Os detalhes... as sensações são igualmente únicas.
Parece que você vive mais o momento.
Toda essa rota está dentro dos Parques Nacionais Lanin e mais ao sul, o Nahuel Huapi.
O Parque Nacional Lanin é o que cobre toda a parte norte do estado de Neuquen, no que tange os parques Nacionais da Patagônia.
Os dois parques, o Lanin e o Nahuel Huapi fazem divisa num mesmo território e juntos formam o maior complexo de parques nacionais da Patagônia Argentina.
Como disse, Lanin na parte norte e Nahuel Huapi na parte sul.
Eles se dividem geograficamente após o terceiro lago (dos 7 lagos), o Lago Hermoso.
Ambos parques nacionais estão em terras Mapuches. Ou seja, terras indígenas.
Na verdade, existe mais ao norte, alguns conflitos bem acirrados entre os povos Mapuches e a civilização. Isso se estende nitidamente mais ao norte, e principalmente do lado de lá das Cordilheiras, no Chile, onde as tensões entre Mapuches e a civilização ainda geram mortes.
Aqui, ao sul, na parte Argentina da Patagônia, o clima é de Paz. E não é raro você encontrar grandes casas de Mapuches, com grandes carros 4x4 na garagem. Isso é comum aqui.
A estrada é sem acostamento, mas de asfalto muito bom (quem pedala sabe a importância dessa informação!).
Conforme os quilômetros iam se somando à minha aventura, eu quase que perdia o ar de tão lindas as paisagens.
O trajeto de San Martin até Angostura, pelo mapa, daria para perceber uma variação de altitude considerável.
Eu estava pedalando na estrada que corta o Vale do Cerro Chapelco, que rodeia toda a região dos dois parques, à oeste e é considerado como montanhas pré cordilheiras.
De San Martin, se você subir algumas montanhas de fácil acesso, é possível ver os cumes nevados da Cordilheira dos Andes.
De longe isso é lindo demais!
O Cerro Chapelco forma a cadeia de montanhas ao qual as cidades como San Martin e Junin de los Andes (60 quilômetros ao norte de San Martin) se localizam em seus vales.
Em San Martin estamos próximos aos 600 metros de altitude, rodeados pelo Cerro Chapelco e Cerro Azul, que estão em 2.394 e 2.437 metros consecutivamente. Villa La Angostura estaria mais ao sul, primeiramente pela Estrada Provincial 19 e após o Lago Villarino (terceiro lago ao sul), pela Estrada Nacional 234, no Vale do Cerro Bayo, com 1.782 metros.
Mas... em termos práticos, não existem muitas subidas.
Todo o trajeto realmente é lindo... Porém, por volta do quilômetro 90 do Caminho dos 7 Lagos, eu avistei uma movimentação. Um ônibus parado e alguns outros turistas do lado de fora.
Isso me chamou, logicamente, a atenção. O ônibus estava quebrado, mas o que me chamou mais atenção não foi o ônibus ou as pessoas me olhando como se eu fosse um E.T.
Alí terminavam os meus dias de fartura... ou pelo menos minhas horas de fartura.
Tudo estava lindo demais para ser realmente verdade. Alguma coisa, eu costumo dizer, tem que dar errado.
Pois bem... na verdade nada de errado em si.... exceto pelo fato de alí, justo onde o ônibus estava parado, com turistas sacando fotos... era o final da estrada asfaltada!
Eu gelei... mas engoli seco e continuei.
Minha bicicleta NÃO suporta estrada de terra, mas eu não podia mais voltar. Era seguir ou seguir...
Escolhi, portanto... seguir.
Parei um pouco para falar com as turistas... que eram chilenas.
Bom... um parêntesis aqui.
Estou rabiscando meu mapa, vendo meu próximo destino de bike... provavelmente Valdívia ou Isla Grande Chiloe... ambos lugares banhados à oeste pelo Pacífico...
Estou rabiscando meu mapa, vendo meu próximo destino de bike... provavelmente Valdívia ou Isla Grande Chiloe... ambos lugares banhados à oeste pelo Pacífico...
Porém, logicamente, e geograficamente, em território Chileno.
Eu estava ali, com alguns turistas chilenos da minha idade...
E eu bem que tentei um contato. Mas... porque os chilenos tem que falar daquele jeito????? PORQUE????
Falar com argentinos... nossa... é perfeito. Creio que seja fruto do meu maior contato com argentinos.
Mas isso não é de hoje.
No inicio do ano, eu estive no Uruguai, em um encontro de ativistas vegetarianos... E lá, eu me dava super bem falando e estando com argentinos e uruguaios... mas... no segundo dia do encontro chegaram os chilenos.
Nossa... é lindo ver eles falarem entre si... eles falam cantando! Mas entender mesmo... é bem difícil.
Fecha parênteses.
E isso foi o que marcou a minha parada perto desse ônibus quebrado, na transição da estrada boa... para a estrada ruim.
Eu mal consegui saber de onde elas eram... sei que duas eram de Santiago... tentei dizer que pretendo ir para lá... tenho uma amiga minha, que estudou Jornalismo comigo, que abandonou tudo e hoje esta morando em Santiago e ela tira umas fotos lindas da cidade e de vez em quando me manda.
De resto... foi curto o contato, e logo subi novamente na bicicleta, respirei fundo... e andei os primeiros metros literalmente na selva.
O inicio da estrada é bem fechada, sentido San Martin – Angostura.
Parece mesmo que você esta entrando em um cenário do filme Avatar.
Muito verde e de um verde muito intenso.
Mais adiante, uns 5 quilômetros de estrada de terra, avistei umas máquinas e uns homens trabalhando.
O início da estrada até que não era tão ruim. Era de terra vermelha, batida. Com algumas pedras grandes, mas se eu fosse prestando muita atenção na estrada, tudo iria ocorrer perfeito.
Baixei, violentamente, meu tempo na estrada. O que na estrada asfaltada eu estava fazendo cerca de 1 km a cada 4 minutos, passei a pedalar 1 km a cada 8 ou 9 minutos, em média.
Parei para perguntar aos trabalhadores quantos quilômetros ainda existiam de terra.
Ainda bem que os trabalhadores eram argentinos. Deu para, pelo menos, completar uma conversa.
Mas enfim... obtive uma notícia arrebatadora.
Os próximos 50 quilômetros de terra.
Ou seja, o resto da viajem de terra!
Enfim... continuei...
A estrada estava em construção, alí no início, mas já tendo pedalado uns 10 quilômetros, eu já não via nada além de uma paisagem linda na minha frente, uma estrada de terra batida sob as rodas finas da minha bike, um ar seco, típico do clima temperado do extremo sul, um sol quente e do meu lado e muitas árvores. Muito verde e volta e meia, um rio ao lado da estrada.
Imaginem a composição disso em imagens... imaginou? Pois bem... é, pelo menos, três ou quatro vezes mais LINDO que isso!
Os lagos continuaram a aparecer ao longo dessa estrada.
Parei por volta das 3 da tarde para “almoçar”. Procurei um filete de água cortando a estrada e me embrenhei na mata, para encontrar um lugar plano para descansar um pouco.. e almoçar algo.
Era impressionante ver as montanhas com os cumes cheios de neve e aos poucos aquilo ia se aproximando ainda mais.
Era perfeito ver alguns pequenos montes cortados pelas máquinas, mostrando as camadas desde a terra vermelha, até a rocha mãe, basalto... ou lava vulcânica, que, por sua vez, é a que origina, através de anos de erosões, a terra de cor vermelha.
Mais lindo ainda, foi perceber, bem ali, onde eu estava almoçando, uma sequência de montanhas mais baixas e sem neve. Porém, toda a parte do cume, de uma coloração cinza mais puxado para branco, e o resto da montanha, a parte baixa com muito verde.
A parte cinza, a parte da rocha crua... sendo erodida pela neve. Algumas “valas” cavadas no meio da parte baixa e verde da montanha dava para perceber o caminho do derretimento do gelo, no verão...
Aquelas cores, realmente eu nunca antes vi nada igual!
Almocei grão germinado de girassol, 3 e exatamente 3 laranjas, alguns biscoitos integrais... e fiquei uns 20 minutos ali, sentado, respirando fundo e observando tudo que estava acontecendo.
Volta e meia, um carro quebrava o silêncio da floresta. O fluxo não era intenso, tão pouco fluxo... passava um carro a cada 20 minutos, ou algo assim...
Essa estrada de terra não tinha muita subida, tão pouco descidas.
Relativamente plana, que cortava não raramente, algumas fazendas geralmente de gado.
Alí tudo é região de povos Mapuches, como já havia dito.
Não vi muita plantação. Poucas na verdade.
O clima temperado é meio teimoso para plantação, de fato. Mas as poucas plantações que eu vi, estavam protegidas por envernadeiros.
Eu já deveria estar na metade do caminho de terra. Olhei no mapa a bifurcação ao qual eu me encontrava naquele momento.
A única bifurcação da estrada desde que entrara nela.
Parei, logicamente, para me certificar de que alí era o local correto.
Sim... faltavam ainda, e segundo o mapa, mais 22 quilômetros até Angostura. E segundo informações dos trabalhadores no inicio da estrada de terra, teria, portanto, mais 22 quilômetros de estrada de terra.
Desse cruzamento em diante, as coisas mudaram consideravelmente.
Exatamente dessa forma. Da água para o vinho.
Depois desse cruzamento, que de um lado me levaria ao balneário de antepenúltimo lago (dos 7 totais!), o Lago Traful, e do outro, ao Lago final, o Lago Nahuel Huapi, donde esta localizado a primeira cidade ao norte do lago, Villa La Angostura, ou seja... meu destino.
Segui pela estrada (ainda de terra) que me levaria à Angostura.
Depois do cruzamento, uma descida de uns 200 metros e depois, como eu disse... TUDO mudou!
A estrada se tornou, literalmente um campo minado.
Campo Minado?
Sim... é assim que eu costumo me referir à estradas com muitos buracos e pedras. Com uma bicicleta Speed (de pneu fino), um erro de cálculo de direção, pode literalmente acabar com sua alegria e com a alegria de qualquer um. EU GARANTO!
A estrada se tornou cheia de buracos. O que antigamente era terra vermelha batida, virou cascalho solto.
O que era plano, se tornou uma montanha russa, com muitas subidas e descidas.
Aí sim as coisas começaram a me preocupar.
No inicio, eu não estava muito preocupado, pois quando cheguei na estrada de terra, era por volta de meio dia, ou um pouco mais.
Eu pensei: Bom... meio dia... e eu tenho 60 quilômetros pela frente de estrada de terra. Acho que se eu for empurrando a bicicleta, eu consigo ainda chegar de dia em Angostura.
Abro parêntesis aqui...
Estou mais próximo do pólo sul... os dias aqui são mais longos. Isso, em termos práticos, significa dizer que 9 e meia da noite, aqui ainda esta claro.
E a noite começa a cair, de fato, após esse horário.
Fecho parênteses...
Enfim... faltavam ainda cerca de 22 quilômetros e agora... de estrada muito... mas MUITO ruim!
A paisagem... bem...
A paisagem nem tem o que dizer... eu tirei umas fotos e coloquei no meu endereço virtual de fotografias... não vou subir todas, pois eu cheguei a tirar mais de 1000 fotos (das quais, aproveitei somente umas 400... mas mesmo assim.. MUITAS!).
Eu cheguei a comentar isso com uma amiga (via internete / MSN), assim que cheguei em Angostura, que eu estava meio que enjoado de ver coisas tão lindas... da natureza.
E alí, naquele momento em que eu me vi com a minha bicicleta... com mais ou menos 15 quilos de equipamentos... e uma estrada deplorável, eu passei a observar bem menos o cenário, porque se eu já estava de olho na estrada, à partir dali eu teria que estar com os DOIS olhos nela... e muito bem ligados à ela.
Eu mal conseguia ficar equilibrado na bicicleta.
A estrada teria acabado de receber uma capa de cascalho. Estava tudo muito recente com certeza o cascalho fora colocado há poucos dias...
Estava semi impossível de ficar sentado na bicicleta... Pedalar em pé era ainda pior, com o peso da bagagem nos alforjes da bicicleta, ela tornava-se ainda mais instável.
O que eu pedalava no início da estrada de terra, 1 km, em média a cada 8 ou 9 minutos... passei a fazer 14 ou 15 minutos por km sobrevivido!
Estava tenso...
Mas depois de uns 4 ou 5 quilômetros, confesso que passei a entender aquilo como um grande desafio.
Eu não havia dito que eu estaria enfrentando o grande “Desafio dos 7 Lagos”? (titulo que eu mesmo dei a essa minha primeira viagem de bicicleta em estradas patagônicas).
Pois bem... era à partir dali que começaria, de fato, o desafio.
Reuni todas as minhas forças.. e todo o meu humor para enfrentar.
Me senti numa guerra, onde eu portava com uma mensagem importante para entregar ao Capitão Angostura (logicamente em Angostura)... e eu estava passando agora por um campo minado e eu deveria tomar MUITO cuidado com a rota.
(risos...)
Bom... minha imaginação não é muito fértil... eu poderia ter imaginado mil coisas, eu sei.... mas como eu gosto de coisas camufladas e os tons de verde estavam ali, tão perto... não foi difícil me imaginar nessa história (risos..).
Horas iam passando... a estrada ia ficando cada vez mais instável.
O fluxo de carros parecia ter aumentado, ou eu que comecei a reparar mais nessas coisas.
Eu não podia agora, prestar atenção em mais nada... somente na estrada, nas pedras... nos buracos...
Cheguei então no penúltimo lago. O Lago Espejo.
Eu estava escutando Angus & Julia Stone... lembro disso, porque eu lembro que na hora que eu fui selecionar algo para escutar no Ipod, eu pensei em escutar algo bem... bem calmo... porque se eu escutasse alguma coisa mais agitada, eu fatalmente iria acabar com meu bom humor (que já estava em níveis críticos...)
Cheguei ao Balneário do Lago Estejo.
Lindo... (nossa... que coisa chata ter que ficar dizendo a todo instante que é lindo...lindo...lindo... tudo era lindo alí!)
Havia alí, um grupo de motoqueiros, que havia passado por mim não fazia muito tempo.
Eles estavam parados, fumando ganja (Maconha).
Assim que eu cheguei, eles me ofereceram... e eu, como sou muito educado, disse que.... não, não queria.
Enfim...
Tentamos conversar um pouco. Ambos eram de Rosário, uma cidade mais ao norte. Umas das cidades mais importantes da Argentina.
Eles estavam viajando de moto. Eram 3... tinham cara de ter entre 40 a 45 anos...
Estavam com motos gordas (ou grandes... como queira!) e começamos a conversar... Conversa vai, conversa vem... nos apegamos no tema.... ESTRADA!
(risos...)
Foi então que eles estavam criticando o estado da estrada e tudo mais... Nessa hora eu olhei para um deles e disse: “Para vos és mui fácil. La ruta esta buenissima! Mira mi cobierta!”
E mostrei o meu pneu. Eles não tinham reparado... mas meu pneu era de asfalto e não de terra.
Rimos mais um pouco... e resolvi seguir adiante...
Parti antes deles.
Agora estava mais perto. Eles disseram que haviam mais uns 12 quilômetros de estrada de cascalho e pronto... estaria no Paraíso, ou seja... no asfalto.
Mais alguns quilômetros adiante, notei a presença de um ciclista que vinha em direção contrária a minha.
Era o Luis... que por coisas que não se pode explicar, a não ser colocar a culpa no destino, era massagista da equipe oficial de ciclismo da Argentina.
Nessa hora que nos encontramos, ele me viu, e lentamente ele veio pedalando em direção a minha bicicleta.
Na verdade, confesso que notei que ele queria falar comigo somente quando parou quase do meu lado. Eu estava tão entretido escutando música e prestando atenção redobrada na estrada que não cheguei a reparar que ele estava pedalando em minha direção...
Enfim, parei, desci da bicicleta e ele também.
Ele falou alguma coisa. Eu fiz sinal com as mãos de que eu não havia entendido.
Ele mexeu os lábios novamente, e eu ainda assim fiz sinal de não ter entendido.
Aí então, eu finalmente tirei os fones de ouvido, e ele repetiu o que havia dito antes... e dessa vez eu entendi!
Ele havia me perguntado se estávamos distante do Balneário do Lago Estejo.
Disse a ele que estava há uns 5 quilômetros de lá...
Mas já eram cerca de 5 da tarde.
Começamos a conversar... e eu disse que era do Brasil e tal... ele se assustou ao ver o pneu da minha bicicleta e me perguntou o que eu estava fazendo ali.
Eu, meio que em um tom de ironia... respondi: Ué... como assim o que eu estou fazendo aqui? Estou viajando, oras!
Aí ele se explicou: Não...não... digo... o que você esta fazendo aqui com essa bicicleta?
Ahhhh aí sim eu entendi! (risos..)
Pois é... expliquei que fui pego pelo acaso, naquela estrada de terra. Disse que só os últimos 20 quilômetros que estavam de matar mesmo...
Mas que enfim... eu estaria indo para Villa La Angostura. Foi então que ele disse que por conta do horário, ele ia voltar comigo, então.
Que estava ficando em Bariloche (90 quilômetros de Angostura), mas que veio para Angostura de bike na manhã do dia anterior de bicicleta para conhecer o tal Lago Espejo.
Ele voltou comigo para Angostura. Voltamos conversando... e finalmente chegamos no asfalto.
Foi uma emoção muito forte para mim... (risos...)
Eu estava sem água, o Luis também... mas enxergar o final da estrada de cascalho e ver o asfalto fora para mim, uma das sensações mais maravilhosas de toda viagem.
Dali, do ponto onde começava o asfalto, seriam mais 8 quilômetros até a cidade (mas 8 quilômetros de asfalto!)
Nossa.. perfeito...
Logo quando começou o asfalto, já havia uma bifurcação... que faria com que você chegasse até a fronteira com o Chile à oeste, ou até Angostura, seguindo para o sul.
Luis conhecia toda a região, e foi me explicando os caminhos e tal.
Dali, daquele ponto de bifurcação, mais 32 quilômetros (de asfalto) estaria a fronteira com o Chile e logo depois, a temida Cordilheira dos Andes.
Confesso que me deu uma vontadinha de seguir à oeste, rumo ao Chile... mas não... não. Naquele momento eu deveria vencer o tal “Desafio dos 7 Lagos” e finalmente chegar em Angostura, ou também como é conhecia por aqui, Angostura – O Jardim dos Andes.
Entramos então, há alguns poucos quilômetros de chegar à cidade, no balneário do último dos 7 lagos... o famoso e enorme Lago Nahuel Huapi!
Subimos no Deck de vista panorâmica!
Ufa! Não acreditava no que estava vendo! Já sabem né? Lindo e todo aquele blá...blá..blá...
Mas não sei... aquela visão toda estava com gosto de... “Consegui!”.
Eu estava finalmente em Villa La Angostura!
E o último Lago, dos tais 7 Lagos.... não sei se foi o momento, mas ele parecia mais lindo do que todos os outros.
De fato, o maior lago de todos os lagos do Parque Nacional Nahuel Huapi...
Só para você ter idéia, esse lago que banha a cidade de Villa La Angostura ao norte, é o mesmo lago que banha Bariloche ao Sul... Ele é muito extenso.
No meio dele, existem duas grandes ilhas. A Arrayanes, que tem um Parque Nacional só para a ilha, com o mesmo nome. E a Ilha Vitória, onde está localizado hoje e desde a época da segunda guerra mundial, o CENA - Centro de Estudos Nucleares da Argentina.
Dizem por aí, que a Ilha Vitória foi palco de estudos que levaram cientistas nazistas do III Reich a fazerem experimentos de fusão nuclear na ilha. Já ouvi dizer que os experimentos deram certo... e ninguém sabe onde estão os tais resultados disso. Mas tudo é muito conspiratório quando o assunto é esse. Mas que de fato, nada foi revelado.
Mas enfim.. a Ilha Vitória hoje é rodeada de mistérios... e dizem que ela brilha à noite. (risos...) Isso é fácil de imaginar o motivo! (risos...)
Enfim.. paramos no balneário do último lago e ficamos conversando por um bom tempo.
Logo chegaram os motoqueiros que eu havia encontrado no balneário do Lago Estejo... conversamos pouco e eles foram embora (estavam indo para Bariloche...).
Ficamos eu e o Luiz conversando e tal.
Ele era massagista. Fazia Reiki e morava em Córdoba (Cidade mais ao norte. Também uma das maiores cidades da Argentina e importante pólo político nacional.), mas estava trabalhando nesta temporada em um SPA em Bariloche e que pretendia voltar para Córdoba de bicicleta.
Comemos umas nozes que ele tinha. Compartilhamos um pouco de alimento... eu tinha ainda umas sementes de girassol e uns biscoitos...
Ele estava mudando sua dieta para o vegetarianismo. Conversamos, então, um pouco sobre isso, pois eu sou vegetariano.
Ele disse que havia começado a se questionar sobre sua alimentação ao entrar em contado com um grupo de estudos védicos de San Martin (justamente a cidade onde eu estou vivendo), e que queria muito conhecer a cidade.
Ficamos mais um tempo proseando... e seguimos então para a cidade... finalmente a cidade.
Uma cidade extremamente burguesa. Cidade talvez mais burguesa do que San Martin.
Eu até achei estranho. Eu tinha uma imagem na minha cabeça de uma Villa La Angostura como um vilarejo, perdido no meio da Patagônia.... Ledo engano, meu caro!
Uma cidade totalmente turística. Luis estava ficando em um hotel mais ao centro, e estava pagando 120 Pesos a diária.
Eu fui ao ponto de informação turística para saber de albergues e tudo mais.
Peguei o endereço de uns 4 albergues na cidade, mas antes, disse à Luis que iria buscar refúgio no quartel dos Bombeiros.
Abrindo parêntesis....
Existe uma lenda de que o corpo de bombeiros mundialmente é conhecido pelos viajantes por ser um ponto de apoio e auxílio.
Dizem por aí, que se você esta viajando e precisa de um lugar urgente para ficar, basta se apresentar em um quartel do corpo de bombeiros que eles, por uma obrigação moral, devem te prestar auxílio.
Fecho parêntesis...
Perguntei também no ponto de informação turística onde ficava o quartel do Bombeiros.
Me despedi de Luis... trocamos endereços de e-mail e cada um seguiu para seu canto.
Eu, literalmente, estava quebrado. Muita fome e tudo que eu queria era um banho com água muito quente.
Um banho? Eu escrevi UM banho???
NÃO!
Eu queria dois!! DOIS BANHOS! Com água estupidamente... quente!
Fui direto para os Bombeiros... Na verdade, eu estava indo, mas no fundo o que eu queria mesmo era poder chegar em um albergue e tomar um banho.
Mas digamos que meu espírito de aventura ainda estava acordado dentro de mim e pensei que seria legal testar a possibilidade de ficar no quartel do Corpo de Bombeiros... seria algo a mais para contar para meus netos, pelo menos!
Bom... cheguei no Quartel, perguntei sobre a possibilidade de ficar e a mulher que me atendeu disse que isso não poderia ser feito.
Sem pestanejar muito, peguei minha bicicleta e fui direto para o albergue que a moça da informação turística havia dito ser o mais barato.
Cheguei ao hostel e nem fui procurar pelos outros.
65 Pesos e o rapaz da recepção ainda disse que teria salada de fruta no café da manhã!
Sinceramente... eu acho que fiquei no hostel só para esperar o café da manhã seguinte....
Quando o rapaz disse que teria salada de frutas... eu me senti um Homer Simpson pensando em Rosquinhas...
Eu cheguei ao hostel por volta das 7 da noite (ou melhor... da noite não.. ainda estava dia! Como eu disse, por aqui só escurece às 9 da noite).
Conversei um pouco com o rapaz da recepção... e desfiz as coisas do alforje da bicicleta e tratei de subir para o quarto.
Nossa... banho quente!
Tudo quente, na verdade. Hostel com sistema de calefação! Era tudo que eu queria...
Assim que entrei no quarto, fui logo ligando a calefação... o chuveiro quente e....
AHHHHHHHHHHHHHHHHHH.....
Depois de desejar tanto o retorno do asfalto na estrada de cascalho, um banho quente foi a coisa que eu mais desejei nesse dia!
27 minutos depois eu terminei o meu primeiro banho...
Coloquei uma roupa (a mesma! Não tinha mais roupa para vestir... – risos – só levei a roupa que eu estava usando! Os meus planos originais seriam de dormir na própria estrada, no meio do mata, somente com meu saco de dormir, que estava no alforje), peguei a máquina de fotos, o tripé e parti em direção a cidade para comer alguma coisa e tirar umas fotos.
Villa La Angostura é uma cidade pequena... ela se resume à uma grande avenida, que é o centro da cidade. E lá tem tudo... supermercado, lojas de roupas caras e muito.... muito chocolate.
Tirei umas fotos... Fui a um locutório ligar para minha mãe (que até então não sabia que eu estava viajando) e para uma amiga do Brasil.
Entrei rapidamente na internete... vi e respondi alguns e-mails rapidamente... e fui correndo para o mercado ver se tinha alguma coisa interessante para comer (geralmente nos mercados sempre encontramos coisas que nunca precisamos, mas passamos a precisar assim que vemos... – na verdade, acho que esse é a lei do marketing – risos... – saudades das minhas aulas de marketing na faculdade! – risos..).
De fato acabei optando por cozinhar no hostel... comprei uma massa de pizza pré-fabricada, uma salsa de tomate sabor “pizza” (que diabos é algo com “sabor pizza”? – mas eu liguei as coisas e pensei... pizza com salsa de tomate “sabor pizza” deve ser, no mínimo, duas vezes mais gostoso!).
Comprei umas batatas fritas e uma água com sabor de laranja (hummm uma iguaria muito comum aqui na Argentina! Tipo... águas com diversos sabores... e isso NÃO tem no Brasil!).
Passei pela sessão de farinhas e pensei em fazer Fainá (uma massa como uma massa de panqueca, só que é feita com farinha de grão de bico.... outra iguaria da Argentina!), mas não sei por qual motivo... eu perdi completamente o gosto por Fainá. Lembro que quando eu vim na Argentina pela primeira vez, eu fiquei apaixonado por Fainá (e também, particularmente pela palavra Garbanzo – Grão de Bico em Espanhol)... mas agora... perdi completamente o gosto por isso...
Enfim... o mercado que eu estava exibia logo na entrada um aviso: NÃO USE SACOLAS PLÁSTICAS! É MAL PARA O MEIO AMBIENTE!
Pensei: Ohhhh que nobre atitude.
Pensei: Ohhhh que nobre atitude.
Mas na hora que eu fui para o caixa pagar as compras, vi que realmente o mercado levava a sério o que dizia!
Não tinha uma sacola de plástico no mercado...
Porém, o mercado não oferecia algo substitutivo, como caixas de papelão, ou sacos de papel. Simplesmente você tinha que vir preparado para levar suas compras, ou simplesmente você vinha preparado para levar suas compras na mão!
Não preciso dizer que eu, como um bom turista que me prestei a ser desde que cheguei por aqui... não estava preparado.
Caramba! Nunca pensei que eu fosse criticar tanto uma atitude ambiental de um comércio! Eu só queria uma sacolinha e nada mais! (risos..)
Enfim... equilibrei tudo em duas mãos, paguei e sai dali (não exatamente nesta mesma ordem, ok?)
Ahhhh comprei também uma lata enorme (leia-se: Gorda!) de pêssego em caldas! (sim... em mercados você sempre compra coisas das quais você NÃO precisa... mas enfim... me pareceu muito apetitoso alí, naquela hora, pelo menos!)
Fui brincado de equilibrista pelas ruas de Angostura até o hostel, que distava uns 3 quarteirões do mercado que ficava na avenida central.
Chegando lá, fui direto para a cozinha.
Notei que não havia ninguém na recepção e me assustei ao entrar na cozinha.
Uma moça muito linda (linda! Linda!! Tudo aqui é lindo, lembra?) estava sentada, falando num telefone e meio que se assustou também ao me ver.
Logo desligou o telefone e aí era a minha vez!
Ela disse que era a recepcionista do hostel no período da noite, e se apresentou... e eu também.
Nossa... muito atenciosa. Ficamos conversando e ela se propôs a ajudar a fazer a pizza juntos.
Nessa hora eu até pensei em fazer algo mais elaborado... mostrar meus dotes culinários e tal... Mas na boa... eu estava quase que passando mal de tanta fome... a única coisa que fizemos juntos foi colocar a massa da pizza na forma. Abri a lata de salsa sabor “pizza” (lembra? Pizza rima com pizza! E pizza com sabor “pizza” é duas vezes mais gostoso! – risos... – ficou parecendo comercial de pizza, não ficou?) e joguei em cima da massa e pronto... estava pronta a pizza!
Verena era seu nome...
Verena me perguntou sobre o queijo na pizza...
Bom... ela tocou em um assunto muito delicado, que por algum acaso, dar-nos-ia algumas horas de conversa e seria perfeito para a noite e para a janta. Eu já estava me sentindo meio que muito calado durante toda a viagem... mesmo tendo conversado muito com as moças do Chile (ou pelo menos tentado!), e depois com os motoqueiros... e depois com o Luis...
Convidei ela para comer também a pizza que ela ajudou a preparar.
Ela não quis... mas sentamos em uma mesa e conversamos... e nossa, olha aí outra coincidência. Ela estava pensando em abrir um restaurante vegetariano na cidade...
Começamos a conversar sobre isso, tudo por causa da falta de queijo na minha pizza!
Na verdade não era bem um restaurante vegetariano... mas sim macrobiótico.
Enfim... conversamos bastante sobre isso.
Muito simpática a Verena... mas... eu teria que subir para meu quarto. Eu estava literalmente quebrado. Meus ombros doíam muito. Meus braços pareciam estar anestesiados por causa da estrada de cascalho...
Subi para o quarto, para meu segundo banho... (lembra? Eu disse que queria DOIS banhos! E não UM! – risos..)
Tomei outro banho fervendo, só que esse um pouco mais rápido... 23 minutos.
Subi na cama (era uma beliche, mas eu estava no quarto sozinho!) e literalmente desmaiei...
Dá para imaginar o que aconteceu durante a madrugada, né?
Imaginou?
Pois é... exatamente isso!
Eu tive uma câimbra violenta na panturrilha esquerda!
Forte demais... se existissem pessoas no quarto, certamente estariam acordadas pensando que eu estava tendo um ataque do coração!
Mas ainda que estivesse sozinho, fui forte e consegui contornar a situação e voltar a dormir como uma pedra quente acomodada num colchão da parte de cima de uma beliche em um hostel com sistema de calefação trabalhando à 100% de sua capacidade de esquentar o ambiente!
Acordei por volta das 9 da manhã... Verena bateu na porta e entrou, colocou umas coisas no armário e disse que o café da manhã estava pronto.
Café da manhã... (momento Homer Simpson).
Café da manhã na minha cabeça só me fazia lembrar de uma coisa... o rapaz dizendo-me sobre salada de frutas!
Despertei motivado...
Tomei mais um banho... só para despertar mesmo.
E descemos para o tal café da manhã...
Ela trouxe até a mesa uns pães torrados... uma geléia e sentou-se na minha frente para contar as histórias do pão e da geléia.
Ela disse que eu poderia comer, que o pão era feito ali no hostel mesmo, por ela e que a geléia também...
Conversamos mais um pouco sobre essas coisas... e então desceu um outro grupo de pessoas, umas 6 pessoas e ocuparam a mesa grande. Verena se levantou e foi servir a outra mesa.
Terminei de tomar chá com torradas e geléia e a deliciosa e esperada... salada de frutas!
Voltei para meu quarto... arrumei as coisas.
Agora sim eu estava pronto para pensar em muitas outras coisas.
Estava com um pouco de dor nos braços... mas estava literalmente bem.
Tudo havia dado certo.
Sentei na sala principal do hostel, abri o mapa e comecei a estudá-lo.
Voltar pela estrada de cascalho... NEM PENSAR!
Na conversa que eu havia tido com o rapaz que antecedera o atendimento ofertado por Verena, eu perguntei a ele sobre rotas alternativas e tudo mais... e nisso que conversamos... eu cheguei a dizer para ele que eu estaria indo rumo à Bariloche.
Mas sabe aquelas besteiras que você acaba dizendo no meio de uma conversa meio que sem saber o porque fala, mas acaba saindo?
Pois bem.. assim que abri o mapa, bati o olho no pontinho mais ao sul de onde eu estava (Angostura).... e lá estava... San Carlos de Bariloche!
Bom... eu nunca tive sequer vontade de conhecer essa cidade.
Se ali, no meio do mato, existia uma cidade burguesa como Angostura... imagine como seria estar em Bariloche?
Bariloche é uma velha conhecida por mim... eu lembro de ter ouvido falar a primeira vez dessa cidade por um amigo meu, de colégio... o Rafael.
Era um playboyzinho desses que não tem nada na cabeça... estávamos na oitava série. (hummm ok, com essa idade era meio difícil mesmo ter alguma coisa na cabeça!).
Ele era super metido a ser riquinho... e sempre falava e ficava enchendo o saco dizendo que havia ido para Bariloche... e só falava de Bariloche... e neve... e Bariloche...
E acho que foi a primeira vez que eu tive contato com esse nome. Então... ouvir Bariloche, confesso que me causava uma certa repulsa... eu tinha meio que esse pré conceito de ser uma cidadezinha nojenta e cheio de pessoas que viviam em bolhas e tudo mais...
Enfim... fui até Verena e conversamos mais um pouco. Eu perguntei para ela como era a estrada e fiz a pergunta principal:
- A estrada é asfaltada, certo?
Bom... diante da resposta afirmativa dela... eu fechei os olhos por um segundo. Mentalizei Bariloche e quando abri os olhos, olhei para ela e disse: Voy hasta Bariloche!
Fiz umas anotações de quilometragem no meu caderno de anotações... arrumei o alforje e fiquei mais um tempo na saguão do hostel dando uma revisada no mapa e na bicicleta.
Parte das pessoas que estavam na mesa grande de café da manhã passam pelo saguão e um deles se aproximou e começamos a conversar.
Kane era seu nome.
Kane era o fotógrafo de uma expedição (e nesse momento que ele disse, eu realmente notei que existiam dois Land Rovers super equipados estacionados do lado de fora do hostel, que não por acaso, haviam passado em algum momento por mim na estrada de terra. Notei a passagem dos Land Rovers, porque quem me conhece, sabe que eu sou apaixonado por eles – digo... pelos Land Rovers...).
Enfim... era uma expedição que vinha da Suiça e eles estavam atravessando o continente americano e agora estavam seguindo rumo à Ushuaia (nessa hora eu quase perguntei se havia espaço para mais um, porque eu também estava pensando em dar uma descida até lá! – risos..).
Começamos a conversar mais ainda.... e ele contando os detalhes e eu contando os meus detalhes.
E... como bem sabemos... quando estamos conversando entre duas pessoas que têm câmeras fotográficas por perto... conversar sobre “detalhes” é o mesmo que conversar mostrando fotos! (risos..)
Pois bem...
Esse foi um momento muito mágico e revelador da viagem!
Eu sempre tive uma tal teoria de que quem viaja de bicicleta acaba conhecendo mais os lugares... sentindo mais o ambiente e tudo mais.
Pois bem... a expedição havia partido, na manhã do dia anterior, de Junin de Los Andes (primeira cidade ao norte de San Martin) rumo à Villa La Angostura.
O meu trajeto foi praticamente o mesmo. Porém, eu parti de San Martin.
Ele tinha uma Câmera Mark II 5D Canon e umas 4 lentes (dentre elas, uma “olho de peixe”). Mas a que eu mais reparei foi a 100mm. E dali em diante eu estou decidido a ter uma!
Passamos, literalmente pela mesma estrada. Vimos as MESMÍSSIMAS paisagens!
Bom... ele me mostrou as fotos dele pelo lap top dele. Todas as fotos que ele me mostrou, eu reconhecia os lugares e tal.. conversávamos e tudo mais.
Comecei a mostrar a minhas fotos.... Mostrei muito rapidamente... mas várias fotos chamaram a atenção dele e ele me perguntava onde é que eu tinha tirado. E eu sempre respondia o ponto exato.
Conclusão... eles de carro... eu de bicicleta.
Eles passaram pelos mesmos lugares que eu passei. Mas eles não viram cerca de um quinto de coisas que eu vi.
Isso faz com que minha teoria tenha um fundo de verdade. Às vezes eu ficava parado, admirando a paisagem de um certo lugar e eu reparava que alguns carros passavam por alí. Uns muito devagar, outros extremamente rápidos.
Eu chegava a pensar: Poxa... porque o carro não para e as pessoas não descem para ver isso que eu estou vendo? Como é possível uma pessoa chegar até aqui e não prestar atenção nisso?
E ali estava a prova...
Você reduzir a velocidade dos acontecimentos é você respirar mais certos ares e viver mais os momentos. Isso é literalmente prático.
Bom... saindo agora do “momento filosófico”...
Continuamos conversando mais um tempo... eu tirei umas fotos para eles, da expedição completa, com 6 integrantes, muito bem organizada... tinha um fotógrafo, dois mecânicos, uma jornalista, e dois geógrafos.
Eu terminei a minha arrumação para a minha próxima expedição: “Bariloche 2010” (que eu criei ali mesmo, no hostel)
Saí da cidade... ainda sentindo os efeitos colaterais do acidente da noite anterior (que eu não contei aqui, porque contei na minha publicação passada, e de verdade que eu quero esquecer do episódio!Mas resumindo muitíssimo tudo... o acidente consistiu em eu, acidentalmente, espirrar um jato de spray de pimenta na virilha). Minha virilha ainda ardia um pouco, mas eu estava espiritualmente muito bem.
Logo na saída da cidade, uma ponte sobre o rio Correntoso me deu um grande BOM DIA!
Nesse ponto, eu passei pelo lugar que eu mais me arrependo de não ter tirado foto.
Eu lembro que quando parei para tirar umas fotos desse rio, eu vi uma casinha num barranco, ao lado do rio, linda demais... com um telhado verde perfeito (telhado verde = quando o telhado serve de base para plantação... geralmente é grama mesmo).
Eu me arrependo de não ter tirado foto dessa casa. Eu tinha parado para tirar foto dela, mas eu fiquei meio que impressionado com o rio, e fiquei só tirando fotos do rio e no final das contas, esqueci da casa!
A estrada agora era asfaltada. Perfeita, porém, ainda assim sem acostamento.
A estrada contornava o Lago Nahuel Huapi em boa parte do percurso até Bariloche.
Não tive problemas com água.
A essa altura eu estava mais cético e não mais demasiado emocionado com toda linda paisagem que via... afinal, eu estava dentro da paisagem! Por onde quer que eu olhasse, era quase sempre a mesma coisa.
Ou era uma estrada de asfalto perfeito, cujas plantas amarelas e roxas do acostamento faziam o contraste com o verde escuros das matas ciliares do asfalto e ao fundo sempre uma montanha alta e com neve no cume. Ou então um grande espelho d’água que termina em uma grande montanha com neve no cume.
Enfim.. essas coisas, que alí, naquele momento meio que se tornaram tão comuns... mas não ao ponto de se tornar banal. Mas uma coisa comum, eu diria.
De Angostura até Bariloche seriam mais 90 Quilômetros... perfeito para um domingo de sol.
Logo quando sai, ou melhor... um pouco antes de sair, percebi que estava sem bateria no Ipod, porque esqueci ele ligado durante toda a madrugada.
Eu não consigo viver muito tempo sem música...
Mas confesso que foi bom ter estado mais comigo mesmo durante 90 quilômetros...
Eu meio que ia cantando as músicas que eu sabia de cabeça (geralmente as músicas do Los Hermanos – Um salve para a Karen! – risos..) ou então conversando comigo mesmo, meio que acertando alguns pontos e tudo mais.
Isso, incrivelmente faz bem!
Mas enfim.. encerrando a sessão “Auto Ajuda”... estava um domingo de sol lindo.
Enquanto a estrada circundou o Lago, estava tudo indo maravilhosamente bem... tudo plano... asfalto perfeito. Mas depois a estrada se distanciou do Lago e então começaram as subidas!
Ufa... eram subidas de verdade.
Mas eu estava com o sangue à flor da pele! Confesso que estava com sede de subida em asfalto!
Cada nova subida eu respirava fundo, travava os braços e dançava com a bicicleta, montanha acima!
Assim cheguei até o único cruzamento dessa estrada, a Rota 231, que se une, através desse cruzamento, com, nada mais, nada menos... a famosa RUTA 40!!!!!!!!!!!!!!!!!!
RUTA 40!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Nem eu sabia que ia pedalar na famosa RUTA 40! O mapa que eu tenho, como eu disse, é de 2002 e a que é hoje parte da RUTA 40, era, em 2002, parte da RUTA 234!
Abro parêntesis!
RUTA 40! Para quem não sabe... é a única Ruta (Estrada em espanhol) que liga-se mais ao norte da Argentina com a Estrada Transcontinental, que por sua vez é a estrada que cruza as Américas de norte a sul. Ou seja, liga o Alaska ao norte, com a Terra Del Fuego (Ushuaia) ao sul!
Ou seja mais ainda! Eu simplesmente estive na estrada que me levaria ao Alaska! (risos...)
RUTA 40 é o nome da Estrada Transcontinental na Argentina, que também cruza países como Chile, Peru, México, EUA, Canadá, etc.
Fecho parêntesis.
Bom... quando eu constatei que a ex-Ruta 234 era então a nova parte da Ruta 40, foi um ânimos à mais, eu confesso.
Pedalei uns 10 quilômetros por ela até a próxima cidade depois de Angostura, que é Nirihuau, e também a única cidade entre Angostura e Bariloche.
Parei aí para almoçar algo. Na verdade tomei um litro de suco de frutas mistas e como uns biscoitos e segui para os meus últimos 17 quilômetros da minha nova expedição “Bariloche 2010”.
Assim que eu entrei na RUTA 40, a estrada voltou a percorrer a lateral do Lago Nahuel Huapi. Só que desta vez... uma coisa horrível.
Na verdade, a segunda coisa que um cicloturista que viaja em bicicleta speed (pneu fino) mais odeia em sua jornada: Vento Contra!
Pois bem... assim que eu entrei na Ruta 40, para os últimos 17 quilômetros, eu estava em uma estrada linda... à minha frente eu poderia ver os picos dos Andes nevados... do meu lado direito, o Lago imenso e do meu lado esquerdo, muito verde.
Estava tudo muito lindo.
Mas a estrada nesse ponto estava mais movimentada. Muitos carros e muitos caminhões, em uma estrada ainda sem acostamento.
E para piorar um pouco isso, um vento muito forte, contra!
E para piorar um pouco mais (se é que é possível!)... um vento muito gelado, pois vinha direto da Cordilheira exatamente de frente para mim, sem nenhum obstáculo natural.
Eu congelei nesses últimos quilômetros... tive que colocar o casaco, inclusive, mesmo fazendo muito sol!
Saí do hostel em Angostura por volta das 11 da manhã do domingo.... cheguei em San Carlos de Bariloche às 14:30, após também pedalar pela..... RUTA 40!!!!! (risos...)
A entrada da cidade não é muito agradável. Me pareceu a entrada de uma grande cidade... como São Paulo, por exemplo (de verdade!).
O terminal de ônibus fica logo na entrada da cidade... e foi o primeiro lugar que eu parei para ver os horários dos ônibus para San Martin.
Resolvi voltar de ônibus, porque a única rota alternativa de volta, que não passaria pela estrada de cascalho, teria 300 quilômetros a mais do que a rota que passa pela estrada de cascalho.
Fiz uns cálculos... eu paguei 51 pesos para voltar de ônibus de Bariloche até San Martin. E se eu ficasse mais uma noite em Bariloche eu pagaria no mínimo mais uns 80 pesos de hostel.
O último ônibus para San Martin saia às 18:00.
Comprei a passagem... corri para o ponto de informação ao turista (ou seja, ponto de informação para mim!) e vi os pontos turísticos da cidade... como estátuas... praças... monumentos... paisagens... museus... restaurantes vegetarianos e todas essas coisas que mais importam em uma cidade!
Bom... entrando pelo litoral da cidade, de bicicleta, eu passei por toda orla de Bariloche.
Lindo... de verdade. Mas não é nada que impressiona. A cidade é grande. Muito pichada... o calçadão da cidade não é muito conservado. Você vê o esgoto sendo jogado diretamente no Lago Nahuel Huapi...
Muitas pichações políticas! Muitas mesmo! Inclusive, logo na entrada da cidade tinha um outdoor de uma churrascaria e uma pichação enorme sobre ele que dizia: Carne és muerte!
Muita pichação de reivindicação de direitos dos povos indígenas (mapuches). Isso logo na entrada.
Conheci a parte litorânea e então fui conhecer os tais pontos turísticos.
Fui na Catedral Central de Bariloche... Linda, estilo gótico!
A praça central que reúne de uma só vez, a sede da Policia, o museu, o monumento de San Carlos de Bariloche, o estandarte Nacional e o ponto de informação turística estava cheio de pessoas...
Muitos turistas (como eu... mas não exatamente como “eu”... eles estavam mais bem vestidos...) e muitas pessoas que você percebe que eram dalí...andando de skate, bicicleta, sentados na grama tomando té...
O museu estava fechado. Um museu Paleontológico...
Era domingo, mas algumas lojas estavam abertas. O centro nervoso da cidade é composto por duas grandes avenidas paralelas.
Apesar de muito linda, a avenida litorânea não é um dos pontos centrais da cidade. Tem um ar meio que de abandono (exceto na região portuária... onde existem os iates e as lanchas dos magnatas... alí sim tudo é muito lindo!). Mas a região que mais tem concentração de pessoas, são essas duas avenidas centrais... e paralelas à avenida da praia, umas duas ou três quadras acima.
Bariloche é uma cidade com muito desnível. Pedalar aqui não é tão fácil e você precisa ter um bom (senão ÓTIMO) preparo físico...
Existem ruas com inclinação superiores a 45 graus...
Nessas duas avenidas centrais, muitas galerias de roupas caríssimas. De marcas que eu já vi por aí... mas de marcas também desconhecidas (mas mesmo assim caras!). Muita casa de Chocolate... Muita mesmo!
Os hotéis e albergues da cidade estão mais concentrados na avenida da praia... enquanto todo o comércio da cidade gira em torno dessas duas avenidas que são como duas ruas Oscar Freire (de São Paulo) uma paralela à outra, separadas por um só quarteirão.
Inclusive, as pessoas que circulam por aqui, tem aquele mesmo ar de superioridade das pessoas que caminham por aí, na Rua Oscar Freire de São Paulo (uma das ruas de lojas de roupas mais caras da América do Sul).
Sinceramente eu não tinha muito o que fazer por alí... a cidade é bonita. Tem o seu... digamos... charme.
Mas sinceramente não é um lugar que eu voltaria com minha namorada, ou com minha família.
A beleza natural mesmo da cidade está na orla do Lago.... e justo isso é o que esta com cara de abandono, enquanto o que menos importa, que são as ruas com as grandes galerias de roupas caríssimas estão impecavelmente.... hummmm... com cara de Europa.
Um amigo me disse que Bariloche tem muito a cara da Suiça... mas na verdade... eu não achei nada parecido.
Fiquei no centro da cidade tirando umas fotos até às 17:00 e fui então para o terminal encerrar minha expedição “Bariloche 2010”.
18:00 eu embarquei... 22:15 eu desembarquei em San Martin de Los Andes.
Pedalei até a Cabana (20 quilômetros) e cheguei em casa... finalmente em casa, no mesmo domingo, dia 28 de Dezembro de 2010.
Fui para o andar de cima... armei meu saco de dormir no chão mesmo.... e dormi.
Fim das transmissões... Câmbio.
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