quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

17/01/2010 – A soja.

E assim aconteceu, conforme o previsto da postagem anterior.

Depois que terminei de escreve-la, começamos a nos movimentar para sairmos dali ainda durante a madrugada.

A Isadora e o Marcelo saíram em busca de informações com taxistas e retornaram ao acampamento base (em frente do supermercado da elite) com informações aparentemente preciosas de que todos nós precisávamos.

Disseram que pode R$ 40,00 um taxi nos levaria até Campeche, um bairro de Floripa onde existiriam uma porção de campings e baratos.

Não sei nem como acabamos concordando em seguir essas informações, mas o fato é que levantamos acampamento e cada qual com sua respectiva mochila seguiu para o taxi.

Sem dívida de que tudo aqui é dito meio que à primeira impressão. E isso acontece também com os valores cobrados por serviços não tabelados.

Optamos por fechar primeiro um valor pré estipulado com o motorista de taxi, que havia dito R$ 40,00, mas na hora, conseguimos por R$ 35,00 sem muito esforço.

Vimos o taxista acelerar fundo pelas largas avenidas da iluminada madrugada em Floripa.

Vimos bem de perto a famosa ponte Hercílio Luz, literalmente iluminada.

Mas confesso que esse momento não deu para ser nitidamente registrado pois o taxista realmente estava correndo bastante.

E quando eu perdi o meu tempo digitando aqui o termo “bastante”... leia-se 140 Km/h.

Realmente eu estava com o estômago gelado talvez de medo de tanta velocidade.

Porém, tudo estava dando muito errado, mas de uma forma quase que poética (perfeita imperfeição) tudo estava se encaixando pouco a pouco.

Após uns 25 minutos de viagem, chegamos em um ponto que parecia uma vila pequena, com ruas largas e sem calçada.

A instrução que tínhamos é de que chegando em Campeche, deveríamos perguntar sobre campings, pois haveriam muitos.

Porém, ao chegar, paramos em um barzinho para pedir algumas informações sobre os tais milhões de campings:

- Boa noite senhores, por favor vocês poderiam nos informar onde enconttraríamos um Camping? – perguntou Marcelo, que estava sentado ao lado do motorista do taxi.

Marcelo perguntou isso aos 3 únicos clientes daquela bar. Pareciam ser moradores locais.

Eles se enttreolharam e um deles respondeu:

-Camping? Aqui?

Nessa hora, eu fiz questão de prestar mais atenção no que estava acontecendo. Pensei comigo: “Caramba... saímos de lá, para gastar R$ 35,00 e chegar aqui e ninguém saber de camping? Como assim?”

Realmente o diálogo foi bem tenso. Se os próprios morados locais não sabiam onde existiam campings em Campeche, qual o sentido de um grupo de taxista dizer que em Campeche haviam milhões de campings?

Seguimos então em linha reta até que chegamos em uma corrente que atravessava a rua inteira. Ali era o limite de trânsito de carros. E além daquela corrente, literalmente era a praia.

Marcelo se prontificou a descer e ir verificar a existência de alguma alma viva naquele cenário.

Ficamos no carro eu, a Isadora e o Saulo... e sim, o motorista.

Marcelo voltou com más informações: Não existiam campings ali, segundo um grupo de jovens que retornavam da praia.

Porém, a Isadora levantou a hipótese de ter visto passar, durante o percurso de carro até aquele ponto, um camping.

Resolvemos que não adiantava mais nada ficar ali com o taxista. Pegamos nossas mochilas e deixamos o taxista voltar para o centro, enquanto nós... bom... nós iríamos andar um pouco a pé para tentar encontrar os tais “milhões” de campings que existiam em Campeche.

Começamos a andar no sentido oposto ao da praia.

Caminhando por uns 5 minutos, percebemos a presença de um rapaz que caminhava meio cambaleando pouco atrás de nós.

Saulo se inspirou para manter um contato direto com o tal rapaz.

De longe algumas caracteristas fizeram Saulo ter essa inspiração. O Rapaz vestia uma bermuda jeans, tênis all star e uma camisa preta com um escrito enorme: PUNK ROCK.

Saulo interceptou o elemento quando ele passou por nós. Perguntamos se ele conhecia algum camping por ali.

Ele respondeu que não, e que morava ali em Campevhe somente há 6 meses.

Sinceramente, se um rapaz que mora há 6 meses em um bairro super pequeno de Floripa não sabia nos informar, isso já me colocou em uma posição de desistir e aceitar que em Campeche efetivamente NÃO existiriam campings e que deveríamos retornar para a praia e ficar na areia conversando até amanhecer e durante o dia retornar para o centro e efetivamente nos informar com pessoas que realmente saberiam nos guiar...

Porém Saulo me surpreendeu com uma pergunta que ofertara ao rapaz, cujo nome já havia sido revelado: Junior.

Saulo perguntou se ele poderia nos ceder um espaço para dormir na casa dele, ou no quintal dele.

Estávamos recém chegados do centro de Floripa onde tivemos uma dor de cabeça com aquele rapaz que queria super nos ajudar.

O que nos faria acreditar naquele rapaz?

Sinceramente, o rapaz me pareceu uma boa pessoa. Estava meio bêbado, mas ainda assim, uma boa pessoa.

Explicamos por alto a nossa situação, e dissemos que daríamos algum dinheiro para ele.

Fechamos, portanto, R$ 5,00 por cabeça. Pagamos então R$ 20,00 e ele aceitou nos levar para sua casa e que poderíamos montar nossas barracas no quintal da casa dele.

Entregamos o dinheiro que imediatamente foi gastou com umas 3 latinhas de cerveja... mas enfim, estávamos no meio da madrugada e super cansados. Eu simplesmente abstraí o ato em sí e só queria chegar nesse quintal logo e armar minha barraca e dormir!

Andamos e andamos...

Eu estava realmente cansado, assim como todos os outros.

Chegamos finalmente, depois de uns 20 minutos de caminhada com nossas mochilas pesadas em uma casa grande que estava dividida em umas 4 ou cinco casinhas.

Ele morava no andar de cima.

Quando eu entrei pelo portão principal, me deparei com um gramado lindo, onde 2 carros estavam estacionados, porém Junior nos encaminhou à um canto do terreno onde literalmente existia um mato cortado. Bem diferente do gramado lindo.. (risos..)

Mas como “cavalo dado não se olha os dentes”. Vi que era ali mesmo e eu não quis perder muito mais tempo acordado.

Montamos apenas duas barracas. Na primeira dormiram o Marcelo e o Saulo e na segunda, eu e a Isadora.

Ao entrarmos na barraca, percebi que enfrentaríamos uma noite de muito calor...

Só não imaginava o quanto....

Muito calor!

Dentro da barraca estava muito abafado.

A Isadora sentiu falta de ar de tão abafado que estava. Eu quase cheguei a sentir, mas chegou um momento que eu tive que ter uma meditação muito forte para entender que quanto mais desesperado com aquela situação que eu ficasse, mais calor eu sentiria.

Fomos dormir, finalmente, por volta das 04:30 da manhã de domingo.

Durante o final da madrugada, choveu... mas choveu pouco.

Acordamos por volta das 10 da manhã.

Quando acordei, percebi que Marcelo não estava na sua barraca. Ele havia acordado mais cedo e foi dar uma volta pela região.

Ao acordar fomos impelidos a sair da barraca que estava muito mais quente e abafada.

O tempo ainda estava nublado, mas sem chuva.

Desmontamos tudo. Eu, a Isadora e o Marcelo tomamos um banho em um cano de água que havia atrás donde armamos nossas barracas.

Enquanto estava arrumando minha mochila ppara mais um provável dia de correria atrás de um ponto definitivo para nossas barracas, a Isadora ouviu um som emitido por um desses programas de bate papo pela internete (MSN).

O som parecia vir do apartamento do Júnior. Então ela e o Saulo foram até lá pedir para ele deixar nós procurarmos algum telefone de algum camping em Floripa.

Eis que pouco depois, descem do apartamento a Isadora, o Saulo e um amigo do Junior que morava com ele.

Eles desceram com algumas sugestões. Deu algumas dicas de uns campings que seriam em torno de R$ 25,00 a diária por cabeça. Porém, apresentou uma sugestão de que poderíamos ficar ali onde estávamos por R$ 10,00 por cabeça e que para isso bastaria que conversássemos com a proprietária do terreno ao qual estávamos ocupando.

E havia ainda uma terceira opção, que era conversar com essa mesma moça, sobre uma casa nesse mesmo terreno que estava para ser alugada, por temporada mesmo e que essa casa sairia R$ 70,00 por dia.

Antes de mais nada, partimos para a terceira opção, a de ficar na casa, porém, tentaríamos abaixar o valor de R$ 70, para R$ 60.

A moça nos levou para conhecer a casa.

Dois quartos, sala, cozinha, área de lavanderia, banheiro.

Camas. Utensílios de cozinha. Ventilador. TV tela plana 29”.

Parecia até brincadeira, mas entramos na casa, vimos tudo e na sala eu fiquei frente a ffrente com ela e perguntei sobre a ppossibilidade de pagarmos R$ 60 por dia.

Rapidamente ela disse que sim, e tão rapido quanto ou talvez até mais rápido ainda, eu disse ao pessoal: “Negocio fechado, vamos buscar as mochilas!”.

Parecia um sonho mesmo.

Cada um ocupou um quarto. Eu e a Isadora ficamos em um quarto. Saulo e Marcelo em outro.

Colocamos tudo em seus lugares e fomos finalmente curtir um pouco de Floripa.

Fomos à praia de Campeche.

Realmente demasiadamente linda!

Marcelo não entrava no mar há uns 3 anos.

A praia estava razoavelmente vazia.

Nosso plano estava focado em irmos à praia e fazermos compras para um almoço reforçado.

O nome da avenida que liga a casa onde estamos ficando à praia é: Avenida Pequeno Principe.

Visitando um monumento de homenagem ao Marco do Campeche, descobrimos que ali teria sido um dos primeiros pontos de aterrissagem e decolagem de aviões comerciais no Brasil. E dentre os pilotos entusiastas citados em uma pequena lista estava listado o nome de nada mais, nada menos do que Antoine De Saint-Exupéry, autor do clássico O Pequeno Principe.

Isso deixou claro a relação do monumento com o nome da avenida principal de Campeche.

Voltando da praia, passamos em um mercadinho nessa avenida.

Compramos e ficamos felizes por termos encontrado carne de soja para o nosso almoço, ou melhor... para o famoso espetinho de soja do Marcelo (que já teve a oportunidade de ter ido ao Restaurante Lar Vegetariano em São Paulo Capital sabe do que estou falando! O Marcelo era o responsável por preparar e distribuir os espetinhos de soja!)

Chegamos em casa, tivemos um verdadeiro banquete! Esse sim foi um banquete!

Dormimos na sequencia...

Acordamos por volta das 9 da noite e ficamos ouvindo música e preparando a nossa janta, que foi o resto do que sobrou do nosso almoço.

Feito isso, a Isadora ainda foi dormir mais um pouco. Eu fiquei escrevendo no quarto, ao lado dela. Saulo e Marcelo ficaram lá fora conversando com uma argentina que conhecemos hoje também, e que esta ficando na casa do Junior.

Por volta das 11 da noite, saímos para dar uma volta pela praia.

O céu estava lindo! Sem nuvens e as estrelas mais brilhantes do que nunca.

Fomos verificar o encontro do mar com as estrelas no horizonte visto da ilha de Santa Catarina.

Uma das cenas mais lindas que já vi.

Voltando da praia, nos deparamos com algumas intervenções realmente inusitadas até agora.

Algumas frases e stencils com os dizeres: Seja Vegetariano em alguns pontos estratégicos.

Registramos tudo e voltamos para casa.

São 05:33 da madrugada de Segunda (18/01/2010).

A Isadora dorme igual um bebe aqui do meu lado.

Saulo e Marcelo no quarto ao lado.

Que venha o nascer do sol, para mais um dia em Floripa.

Hoje (segunda) será o dia que verificaremos a situação do RG do Marcelo, para seguirmos viagem para o Uruguay. Tivemos durante o dia, a informação de que a mãe do Marcelo encontrou o RG dele lá em São Paulo.

Hoje (segunda) e amanhã (terça) estaremos aguardando essa documentação chegar via Sedex 10 aqui na casa que alugamos, para então partirmos.

Temos previsão de sair de Floripa na Terça às 14:00 com destino à Montevideo, Uruguay, para o Encuentro de Liberacion Animal 2010.

Até lá sabemos que vamos viver muitas coisas por aqui, e vocês ainda terão que ler e ver muita coisa por aí.

Câmbio...

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