sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Toma aí os 90 dias que você me pediu!

Tá....

Eu pensei muito depois que assisti isso...
Na verdade, há algum tempo eu ando tentando encontrar uma forma rápida e prática para explicar aos "gringos" daqui mais ou menos um pouco da cultura musical do Brasil...
Tudo nasceu na música... mas depois eu me deixei levar e cheguei em coisas muito maiores....
Eduardo Galeno que me perdôe... mas estamos no século XXI.... é hora de reformular algumas dominações!
Confesso que ao longo de todo esse tempo fora do Brasil, eu tenho me apaixonado a cada segundo um pouco mais.
Nessas brincadeiras de "me mostra seu som que eu te mostro o meu"... eu conheci a "Cumbia"...
Na verdade, o tipo sonoro dela já era conhecido por minha pessoa, mas eu nem imaginava que essa batida era originária aqui dos países latino americanos de língua hispânicas...
Eu ouvi o timbre musical em um grupo de DJ`s da França, que usaram os graves para expresar uma música eletrônica.
Eu estou falando do grupo Birdy Nan Nan...
E aqui eu sempre ouvia a mesma sonoridade... Passei a festa de ano novo, nos confins da américa do sul, na parte oeste do continente... ouvindo nada mais, nada menos, do que a tal Cumbia.
Entendi o que era... e confesso ter arriscado uns passos (ok...ok.. quem me conhece talvez agora esteja rindo... pois sabem que eu não danço... e sou péssimo quando tento. Lembro as duas últimas vezes que eu tentei... foram péssimas. Uma vez, dançando valsa com uma antiga ex namorada, em seu baile de formatura, e a outra vez, dançando Funk na Patagônia Argentina - detalhe: Uma ex companheira estava gravando os meus passos, e na verdade, eu tento manter meu relacionamento com ela ameno justamente por ter medo de ela publicar esse vídeo!!! - risos).
Mas enfim... a Cumbia realmente mexe com você... pelo menos a batida da Cumbia faz você se mexer, nem que seja só um pouquinho.
Mas nessa troca, eu achei uma coisa bem semelhante no Brasil. O Funk....
O que dizer do Funk?
Na verdade, o que dizer da música no Brasil....
Todas as pessoas com as quais eu conversei, todas eram muito ligadas em músicas do Brasil, mas sempre as mesmas coisas que eu então passei a enxergar como "enlatados nacionais"...
Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso...
Uma ou outra pessoa arriscava uma Cássia Eller ou Jorge Ben...
Mas o Brasil é um país de dimensões continentais, caramba!
Eu mesmo não conseguia enumerar os estilos.
Mas confesso que me gabava um pouco me perdendo nas contas. Temos o Baião... o Frevo, o Forró, o Samba (ahhh o Samba!), o Pagode, o Funk, o HipHop que é único no Brasil.
A MPB... a chamada Música Popular Brasileira.
A música é popular! Sim.... e o Funk é a MPB do Rio.... e eu sou do Rio!
Estive por 3 meses no nordeste do Brasil.... Forró é a MPB do Nordeste!
E essas coisas raramente cruzam as fronteiras e quando cruzam, cruzam as piores das piores coisas, que cruzam apenas para depreciar alguma coisa, logicamente.
Mas viver "a parada"... sentir que algo que se diz não tem como se traduzir.... isso é o que mais me deixou instigado a entender todo esse processo.
Se traduz uma música da Chico Buarque. Podemos dizer claramente o que ele quer dizer.
É uma forma muito pura de expressar algo, através da música.
Mas caramba! Como traduzir o que o MC Marechal esta dizendo em sua letra do seu Rap?
Caramba! Como traduzir e explicar uma letra de um Funk do Mr. Catra?
Como explicar o que um carioca quer dizer quando ele diz: "Sumemo!"...
São coisas que eu vejo que serve apenas para os "gringos" escutarem.... mas que nunca, no fundo, vão entender o real significado.
Hoje, de fato, eu tirei algumas horas do meu dia a escutar umas coisas raras para mim....
Elo da Corrente. Emicida. Menor do Chapa. Marcelo D2.
As coisas que eles diziam não são coisas que se podem ser ditas por aqui.
No quarto vizinho, reside um israelense, que certamente fala melhor seu castellano, mas que nunca vai conseguir entender o que esta ecoando pela varanda até seu quarto. (pelo simples fato de ser o único brasileiro aqui, eu meio que carrego uma imagem de que eu sou MEGA festivo e MEGA simpático e super amante do samba - risos... - ledo engano deles, coitados!)
Do meu outro lado, uma alemã que.... enfim... o mesmo.
Nos quartos de cima, francesas e mais alemães....
E hoje quando veio a tona essas comparações, escutar Funk para eles talvez tenha sido o mesmo que escutar Cumbia.... e é estranho lidar com isso...
Existem algumas coisas que eu olho e percebo que faz mais do que parte de toda uma cultura. Às vezes eu quero negar, mas caramba! Está ali... e só não enxerga quem não quer ver.
Eu entrei um pouco na onda da cumbia. Com sua letras muito machistas e algumas até bem "criminosas", como as chamadas Cumbias Villenas...
Mas eu fico imaginando como isso tudo é fruto justamente desse caos todo. O mesmo caos.
Que é fruto igualmente das mesmas peças de uma global engrenagem que cospe nos que estão debaixo, mas que não viveriam sem eles para que sustentassem toda essa estrutura.
Por isso que hoje talvez eu tenha entendido que NEGAR isso, seria o mesmo que cuspir.

Não por um mero acaso, o motivo pelo qual existem essas formas musicais de expressar algo, surgem geralmente de uma mesma raiz de muita pobreza... mas aí eu penso: O contrário disso seria justamente uma juventude intelectualizada, escutando a Suite Nº 2 de Bach. E... cá entre nós.... que saco seria!
A contradição, então nasceu justamente quando eu assisti isso que vou mostrar e que eu realmente gostaria que TODO (eu disse TODO) cidadão brasileiro assistisse.
Para mim foi chocante demais.... mas, é a realidade!
Eu vivi no Rio de Janeiro... sei do que estou falando.
Minha família é gente preta (não tenho pele preta, mas meu sangue é Africano!), e com alguma instrução, mas que não trocam seus finais de semana com churrasco e samba, por nenhuma ópera na Opera House, em Sydney.
E que levam a vida assim, nessa dita "putaria", como todo bom e qualquer brasileiro da terrinha do samba... E todo aquele que não vive.... queria viver! Mas se esconde atrás das barras das sais de suas mães (que nesse caso mais holístico, pode significar uma cultura européia).
E pensando bem mesmo... e sendo bem cético, ali, quando a "loirinha" (do filme) diz que não acredita na fidelidade do homem, eu sinceramente encontrei muita sinceridade.
Alguém vai negar? "Num fode rapá!"...
Vai falar e fazer mais que o cara então! Ele esta vivendo a real... crú! Seco e direto como veio no mundo.
Se o meio não foi suficiente para transformá-lo em mais um engravatado, agora segura a bronca, mané!
Fruto de uma cultura?
Sim... claro que é.
O homem pode ser fruto do meio, mas que isso não seja uma regra.
Existem exceções, e elas são notáveis no nosso país de grande diversidade cultural (tão logo... diversidade musical). Ele (Mr. Catra) mesmo diz... o que ele fala não é nada que alguém pode ter... SE QUISER TER!
E pronto! Tá lá o negão animando festinha de casamento de gente bacana e comendo as branquelas azedas que se escondem durante o dia nas suas formalidades!! E mais..... rindo dizendo que queima 50 mil reais em fogos de artifício!
Isso é magnífico! Perfeito! Lindo! É a contradição que o próprio sistema sempre negou! Mas exposta de uma forma direta... nua e crua, como deve ser! NO RULES, BABY!
Mas quem produz a exclusão não vive sem essa nossa festa!
Eles empinam seus narizes e exibem seus peitos de 30 ml de plástico liquido, mas adoram a orgias que nós fazemos com eles!
Entendendo o micro, você percebe o macro!
Mas no fundo.... o Brasil também é isso. Toda essa gente representa o meu povo. De onde eu vim... e não do que hoje eu costumo chamar de "guetos" da burguesia que supostamente idolatra um estilo de vida do além atlântico.
Acho que talvez tenha sido uma hora muito boa de engolir seco e dizer, apesar das suas várias contradições, que essa é a minha cultura! Minha gente!
É engraçado... muito engraçado!
E é justamente quando o desespero se torna uma brincadeira é que estamos começando a falar de grandes mudanças.
Como diria os grandes mestres do terrorismo poético da minha terra: "O fundo do poço, meu caro, é apenas o fundo do poço! Sorria, meu bem!"

"Quer romance, lê um livro! Quer fidelidade, `compra` um cachorro! Quer Amor... Volta pra casa da mamãe, vagabundo!!"





E sabe do que mais? Amo o Brasil!
Do jeito que ele é também!
Amargo... mas doce e divertido como só ele pode ser!

"É tudo nosso, cumpadi! Engole seco... e se cuspir, é fraco!"

Um comentário:

  1. hahahahaa
    tava precisando ler alguma coisa assim
    "Quer romance, lê um livro! ... Quer Amor... Volta pra casa da mamãe, vagabundo!!"

    ResponderExcluir