domingo, 14 de outubro de 2012

Pelo mundo em duas rodas - Cicloviajem ITALIA: Terni x Lago Piedilu


"Caminhar sem rumo é uma grande arte."
-Thoreau


Bem vindo! este é um relato/viajem para cicloviajantes que queiram pedalar na Itália, região da Umbria. Partindo da cidade de Terni-TR (Umbria, Itália) até o lago de Piedilu (Provincia de Terni). Percurso curto de cerca de 14km ida, 14km volta.




Para quem sai de Roma da estação de Termini (Terminal principal) compre um bilhete direto para Terni (€6,90 em 6/10/2012), saindo da estação de Terni, o roteiro e caminho é bem simples, o ponto “B” é a estação de Trem de Terni, o ponto A é o lago di Piedilu.
Mapa:

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O caminho reserva montanhas, clima ameno (20 graus de média), pequenas cidades pela estrada, animais, plantações, inclusive o roteiro turístico “Cascata de Marmore” da cidade.


O dia 7 de Outubro de 2012 tinha nascido, a semana tinha sido a mesma, todo o tempo perdido dentro de uma sala mexendo em computador, eu planejei viajar no sábado, mais o meu corpo estava tão cansado que acabei indo no domingo, efeitos colaterais do regime assalariado.
Tentei acordar as 8h e partir, às 12h eu ainda estava em casa, me alimentei e parti.
Partimos eu e ela (the ghost bike, ou carinhosamente branquinha), mais um dia de domingo a sós, nos, montanhas, lagos, fotografias, penamentos e nenhum dinheiro no bolso.

Quando criança eu adorava encontrar algo novo, adorava fuçar gavetas as quais eu nunca tinha aberto, dentro, encontrava coisas facinantes! como o baralho velho do papai ou a foto quando moça da mamãe, vivia querendo visitar o porão, embora todos me dissessem para não ir até la! mesmo assim um dia eu fui, afinal, la existiam um monte de tranqueiras velhas guardadas, e os meus olhos brilhavam ao encontrar coisas em lugares novos…

Nessa manhã de 7 de Outubro, com o coração destruído, eu estava mais sensível do que já costumo ser quando pego a estrada eu e minha bike, nesta manhã eu acordei me sentido aquele menino curioso que conhecia todos os cantos da casa, mais que sempre haveria um lugar novo ou uma gaveta nova para encontrar, afinal, era pra isso que existia os Domingos, descobrir gavetas novas!
Eu precisava e queria olhar as “gavetas” que tinham por perto, então, joguei o meu jogo favorito: “Abra o mapa, aponte, bata duas vezes no lugar desejado e repita: Hoje eu vou estar aqui.”
Naquele dia eu tinha aberto o mapa, apontei para o lago di Piedilu e disse, hoje eu vou encostar a minha bike e descansar sobre as montanhas exatamente nesse local.

Montar a bolsa de viajem é sempre empolgante, não importa quantas viagens você já tenha feito ou faça, montar a mochila é sempre praseroso. Sem alforjes, sem peso, sem muita programação, montei um kit simples com uma bag de cintura, tipo pochete, câmara de ar, chaves e um Kit remendo, basta.
Quando iniciei o caminho já me deparo com cidades construídas sobre montanhas, impossível não parar por 10 minutos, tirar fotografias, pensar, imaginar sobre aquele local.


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Tecnicamente falando, para quem quiser realizar o trajeto, o caminho é feito toda pela SS79, estrada bem capeada, pouco tráfego, porem sem acostamento, mais o caminho é tranquilo e fácil de realizar.


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Incrível pedalar sobre as montanhas, quanto mais você sobe, mais bonito fica, a inclinação do trajeto é tranquila, da pra fazer até roda fixa, pelo caminho se pode avistar a cidade de Terni sendo deixada para traz, o trabalho, as pessoas, os pensamentos, alguns sentimentos, as desilusões amorosas, a fumaça.


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O meu destino era o Lago, porém no meio do trajeto voce passa pela "Cascata de Marmore", ponte turistico tradicional da cidade. Paga €8 para entrar, e eu nao entrei. Vi de longe, pra mim ja estava bom. O local é um grande parque, fiz algumas fotos e de volta ao caminho para lago!


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Sega em frente, para entrar na Cascata de Marmore voce entra à esquerda da via, seguindo a direita estamos novamente na S79, novamente no trajeto inicial, nao tem erros, siga em frente, so nao va para Vitte, ai voce se perde, isso ja é em Lazio! preste atençao nisso! quando avistar o lago e casas a beira mar! chegamos!

O clima é bem fresco, média de 20 graus, otimo para pedalar, cidades bem pequenas e casas ao longo da estrada. Maravilhoso é encontrar aquilo que o mapa nao te da. Ninguém disse que o caminho guardava um canteiro de girassois e até mesmo uma arvore de maças, dizendo! eu viajente! Aqui! sim, aqui! Maças!!!


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Eu tinha saído sem comer de casa, era um pedal curto de 30km, bate e volta, é meio triste pensar que não da nem pra comer um pedaço de pizza no lago, entrar num supermercadinho e comprar um suco, mais enfim, é a violência de um sistema egocêntrico em fazer você trabalhar muito e não ter nada, saí sem comer e pensei voltar rápido para comer em casa, jejum é algo bem normal pra mim, mais essas maçãs sorriram de uma forma tão especial pra mim, que eu, branquinha e maçãs passamos 15 minutos das nossas vidas juntos, contemplando o simples fato de encontrar comida por onde passamos!
A esse ponto o lago já estava bem perto, os olhos já começavam a brilhar e a camera saia e entrava da bolsa todo momento… vi algumas ovelhas, alguns patos do lago, casas a beira lago… Era disso que eu estava falando, era isso que eu vim buscar, era isso que me iria fazer feliz naquela tarde de domingo.
Ao passar pela ponte um senhor pescando, no fundo montanhas, ao redor árvores, patos nadavam livremente, eu tinha chegado ao Lago di Piedilu.
Registrei essa foto sobre a ponte, e o sentimento que a minha chance eu estava aproveitando. "Só temos uma vida, só temos uma chance", e eu estava convicto que a minha eu estava aproveitando.

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A cidade que nasce em torno do lago é linda, pequena, toda sobre o desfiladeiro de uma montanha, devem viver ali cerca de mil pessoas, todos devem se conhecer, os velhos devem passar as tardes olhando os turistas entrarem e saírem, pude ver um outro grupo de idosos jogando cartas todos juntos numa mesa de bar no domingo a tarde, pude ver casais apaixonados andando sobre o lago, famílias brincando livremente com seus filhos e conversando-se entre visinhos, adolescentes deslocados com tanta beleza…

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Um pouco sobre viajar sozinho

Não que eu não goste de pessoas, eu adoro, acontece que eu preciso estar só para entender algumas coisas, principalmente algumas coisas sobre a minha própria vida.
É difícil você encarar o mundo sozinho, então você se acostuma a ficar só, nessas horas então, nada melhor como estar sozinho outra vez para pensar em como você dará a volta por cima em todos as dificuldades da sua vida.


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Ir para um país novo, ou uma cidade nova, um estado novo, sozinho… é necessário saber abrir mão de algumas coisas essenciais para algumas pessoas, como certeza, segurança, um bom padrão de vida, amigos, família.

Fazer da sua casa e das suas coisas apenas as suas roupas é algo no qual eu vim trabalhando nos últimos 10 anos, não tenho móveis, não tenho coisas, não tenho conta bancaria, não tenho contas, não tenho filhos e não mantenho a minha família por perto. "Ensinei" bem a família se acostumar comigo na estrada, sem a tutela familiar ou qual eu tenha que prestar minhas contas ou solicitar autorizações, eu ganhei o mundo no dia em que sai de casa e precisei ensinar isso para os meus pais. Eu estava ali no lago para pensar e organizar tudo isso, o que eu estou fazendo? o que eu posso fazer?
Sozinho e agora mais sozinho do que nunca, eu pedalava pela cidade medieval a beira lago pensando em tudo isso e como eu iria enfrentar essa nova "situação", era tempo de repensar e re-organizar, afinal tudo estava sendo preparado para o oposto.

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Fiquei por voltar de umas 3 horas na vila do Lago Piedilu, eu queria muito ter provado uma pizza ali, pra saber dizer se a massa é boa ou não, um sorvete, essas coisas. Tudo o que os outros viram de mim foi um ragazzo de bicicleta branca andando pelas ruas milenares do lugar comendo maça verde pegas na beira da estrada.

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A volta sempre é mais rápida, a volta é como a segunda semana da escola na primeira série, você volta na segunda feira achando que conhece todo mundo, a “Maria”, a garota mais bonita da classe, o “Pedro” o cara maior e mais forte, os sapatos da professora e os meninos dos quais você sabe que deve ir fazer amizade… Na volta eu voltei achando que já conhecia tudo, já sabia fazer as curvas e o que eu iria encontrar depois! voltei dando tchau para as ovelhas no pasto! já sabia onde olhar para encontrar as flores que eu tinha visto na ida, sabia exatamente onde iria encontrar aquele canteiro lindo de girassois, também quando iria passar pela entrada da Cascata de mármore! Tinha acontecido, aquele lugar já fazia parte de mim! agora eu já o conhecia e a volta era feito a segunda semana do colégio, tudo já estava armazenado em mim.

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Um pouco de historia

O Lago Piediluco é um lago na Itália central, às margens dos quais se destaca a cidade de Piediluco, província de Terni. Localizado a parte sul oriental da Umbria, com uma filial que faz fronteira com a Lazio (Outro estado Italiano). O Lago Piediluco pode ser considerado o maior lago natural da bacia na região depois do Lago Trasimeno. O nome parece ser capaz de interpretar como “pé da madeira sagrada”. Representa, juntamente com outros pequenos corpos de água localizados na província de Rieti (Lazio), um dos remanescentes do antigo “Lacus Velinus”, grande bacias fluviais que ocorreram como forma de Quaternário. De forma irregular e  com um perímetro de cerca de 13 quilómetros, o lago está localizado a uma altitude de 375 metros, com uma profundidade máxima em cerca de 19m.
Seu afluente natural é o Fuscello Rio, os outros dois são representados por afluentes artificiais canais, um que se liga ao Rio Velino.

Podemos dizer que a entrada e saída de água do lago está completamente ajustado ao consumo de energia para a cidade de Terni e pequenos vilarejos próximos. O efluente que é desviado para o rio Velino Marmore, onde desagua no rio Negro formando as Cataratas de Mármore.






A volta foi no estilo corra o maximo que puder! vai! descendo a montanha apostei corrida imaginaria com os carros, ganhei de todos, eles precisam brecar de mais nas varias curvas que formavam as montanhas,  e como é uma “speedy”, bom, speedy é speedy, ela foi feita pra correr!
Acho que levei uma hora pra ir e a metade pra voltar! na volta o sol estava se pondo, a brincadeira da vez era a acompanha-lo!

Em alguns minutos eu estava de volta a cidade, e de volta, as belas paisagens e o sentimento de fim do mundo foi passando, devagar fui obedecendo a semáforos e a regras de transito básica. Bem vindo a fumaça outra vez.

O caminho é bem tranquilo, um ótimo passeio de domingo a tarde, se alguém que esta lendo esse relato quiser trocar idéias ou perguntar coisas, avança! estou aqui pra isso!
alexavancini@gmail.com
Quem sabe eu não levo um de vocês ver o lago?

Se sentiamo...
Arrivederci!
A dopo!

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